Por Grant Smith.
A demanda global por petróleo deve se recuperar no ano que vem à medida que países emergirem da pandemia de coronavírus, mas a volta aos níveis pré-crise pode levar pelo menos dois anos, disse a Agência Internacional de Energia.
No próximo ano, o uso global de combustíveis deve ficar 2,5% abaixo dos níveis de 2019, em grande parte por causa da “terrível situação do setor de aviação”, disse a agência com sede em Paris em sua primeira avaliação detalhada de 2021.
As projeções destacam a perspectiva negativa para a indústria do petróleo, um dia após a BP anunciar bilhões em baixas contábeis com ativos devido à preocupação com a demanda de longo prazo. Ainda assim, o relatório contém boas notícias para produtores.
O primeiro semestre deste ano termina com perspectiva “mais otimista“, porque as perdas de demanda durante as quarentenas para conter a propagação do coronavírus não foram tão graves quanto o esperado, segundo o relatório. Os cortes da produção da Opep+ e paralisações nos EUA devem levar o mercado a um déficit em 2021, esgotando o enorme aumento dos estoques de 1,5 bilhão de barris registrado até agora neste ano.
A AIE – que assessora a maioria das principais economias em política energética – aumentou a estimativa para a demanda no segundo trimestre em 2,1 milhões de barris por dia, moderando parte da forte queda. Mudanças no estilo de vida, como trabalhar remotamente, não provocarão um nivelamento de longo prazo no uso de combustível, disse Fatih Birol, diretor-executivo da agência.
No entanto, o consumo mundial de petróleo ainda pode registrar queda recorde de 8,1 milhões de barris por dia neste ano.
Embora o consumo deva subir em 5,7 milhões de barris por dia no próximo ano, a média de 97,4 milhões por dia permanecerá 2,4 milhões de barris por dia abaixo dos níveis de 2019. A demanda pode não retornar a 100 milhões de barris por dia até 2023, disse Neil Atkinson, responsável por mercados e indústria do petróleo da AIE, em webinar após lançamento do relatório.
Por enquanto, o mercado de petróleo físico começa a encolher.
Os estoques devem diminuir rapidamente nos próximos seis meses e, em teoria, cair em todos os trimestres de 2021, de acordo com as previsões da agência.