Por Leonardo Lara e Gabrielle Coppola.
- Fusão entre Fiat e PSA reforça posição na volátil região
- Região está anos atrás da Europa na eletrificação de veículos
A Fiat Chrysler passou de uma posição dominante para ser ainda maior em alguns dos mercados automotivos mais imprevisíveis do mundo após a fusão deste ano com o Groupe PSA.
Desde o fechamento do acordo para formar a Stellantis NV, em janeiro, a gigante automobilística tem estado ocupada em encontrar maneiras de tirar proveito de sua grande presença na América do Sul, disse Antonio Filosa, presidente do grupo na região. Enquanto a demanda permanecer relativamente estável, a Stellantis não terá problemas em sustentar seu considerável parque industrial, disse ele.
A Stellantis combinou a montadora mais vendida do ano passado na região -a Fiat Chrysler- com outra que estava fora do ranking das 10 maiores, a PSA. O grupo tem uma presença muito maior na América do Sul do que na Ásia e está na ofensiva, enquanto outras montadoras recuam. Mais notavelmente, a Ford Motor Co., que encerrou as operações de produção no Brasil depois de mais de um século.
“A América Latina apresenta um cenário externo de grandes desafios”, disse Filosa, citando em particular a volatilidade “muito severa” da taxa de câmbio. Para lidar melhor com os altos e baixos, a Stellantis vai capturar sinergias fazendo melhor uso das unidades de produção, incluindo seis fábricas, e consolidando sua cadeia de suprimentos.
Ganhando mercado
Cerca de 75% dos fornecedores da Fiat e PSA eram comuns, disse Filosa. Racionalizar o restante, além de somar esforços em publicidade e na contratação de outros serviços, vai liberar recursos e ajudará o grupo a ganhar mais participação de mercado.
As marcas Peugeot e Citroen estão crescendo apesar da ausência de novos produtos e devem atingir uma participação de mercado combinada de cerca de 4% nos próximos dois anos, disse ele.
Nos primeiros cinco meses deste ano, a participação de mercado da Stellantis na América do Sul subiu para 23%, de 19,3% em 2020 e 16,7% em 2019, segundo a empresa. No Brasil, maior mercado de automóveis da região, a empresa controla pouco mais de um terço do mercado.
A América do Sul está se movendo lentamente em direção à eletrificação da frota, com Filosa estimando que a região esteja pelo menos cinco ou seis anos atrás da Europa na mudança para veículos híbridos e elétricos a bateria. Stellantis fará experiências com a importação de modelos eletrificados e avaliará projetos para localizar algumas tecnologias na região, segundo ele.
O etanol do Brasil é uma alternativa ecológica até a eletrificação se estabelecer. Medindo do poço à roda – incluindo a produção, processamento e distribuição de combustível junto com o uso real – a quantidade de dióxido de carbono gerada é “quase igual” aos veículos eletrificados, disse Filosa.