Por Sharon Cho e Ben Sharples.
As commodities estavam se encaminhando a registrar a maior queda mensal em quase quatro anos devido à preocupação de que a oferta vai aumentar enquanto a demanda desacelera, enviando o cobre para seu valor mais baixo em seis anos e o petróleo para um mercado baixista.
O Bloomberg Commodity Index recuou 10 por cento em julho, a maior taxa desde setembro de 2011, após despencar para seu valor mais baixo em 13 anos nesta semana. A perspectiva de uma alta nos custos de crédito nos EUA fortaleceu o dólar e empurrou o ouro para seu menor preço em cinco anos. O terceiro mês consecutivo de perdas para o petróleo bruto alimentou mais reduções de custos por parte das maiores produtoras, dentre elas a Royal Dutch Shell Plc e a BP Plc. Várias colheitas, do trigo e do milho à soja, estão prestes a terem o pior desempenho mensal neste ano.
As commodities estão perdendo a preferência dos investidores, pois a demanda na China, o maior consumidor de tudo, dos metais à energia, está cambaleando em meio à expansão dos estoques de cobre e petróleo. O Federal Reserve (Fed) está próximo a aumentar as taxas de juros, impulsionando o dólar e diminuindo o atrativo das matérias-primas, enquanto elas se tornam mais caras para os detentores de outras moedas.
“O assunto dominante é que o excesso de oferta está afetando o complexo de energia e grande parte do setor de metais”, disse Mark Keenan, diretor de pesquisa sobre commodities do Société Générale SA para a Ásia em Cingapura, em entrevista por telefone. “Quando o primeiro aumento ocorrer e entrarmos em um período de normalização de políticas econômicas e em uma estrutura de aumento de taxas, o aumento de taxas será uma função do crescimento econômico que deverá acabar sustentando os preços das commodities mais fortes”.
A medição da Bloomberg de 22 matérias-primas despencou 11 por cento em 2015 após cair para 91,8652 pontos na terça-feira, o nível intradiário mais baixo desde março de 2002. As commodities estão perdendo a preferência dos investidores porque os retornos ficaram atrás do de outros ativos neste ano. O Bloomberg Dollar Spot Index avançou 7,1 por cento, o índice de ações Standard Poor’s 500 aumentou 2,4 por cento e os títulos do Tesouro dos EUA subiram 0,6 por cento.
Excesso de oferta
Os futuros do petróleo em Nova York e Londres entraram em um mercado baixista neste mês em meio à especulação de que um excesso de oferta vai persistir, com os países-membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo extraindo volumes recordes para defender sua participação no mercado. Nos EUA, os estoques de petróleo bruto estão 100 milhões de barris acima da média sazonal de cinco anos e a produção está perto do nível mais alto em mais de 30 anos.
O ouro estava se encaminhando a ter seu pior desempenho mensal em mais de dois anos após cair na semana passada para US$ 1.077,40, o nível mais baixo desde fevereiro de 2010. A presidente do Fed, Janet Yellen, disse que acredita que o banco central pode aumentar as taxas de juros neste ano, colocando o dólar no caminho para ter o seu melhor mês desde janeiro. Os economistas calculam uma probabilidade de 50 por cento de o Fed aumentar as taxas na sua reunião de setembro.
A queda das matérias-primas prejudicou companhias mineradoras, grandes petroleiras e as moedas de países produtores de commodities. Os dólares canadense e australiano, o real do Brasil e o rand da África do Sul estão entre as moedas que mais caíram em relação ao dólar americano em uma cesta de 16 moedas de importância neste mês.
A BHP Billiton Ltd., a maior companhia mineradora do mundo, planeja diminuir a produção de carvão, petróleo e cobre no ano fiscal de 2016. A Shell está se preparando para uma “queda prolongada” eliminando milhares de empregos e reduzindo bilhões de dólares em investimentos nos próximos dois anos. A BP vai gastar menos de US$ 20 bilhões neste ano depois de dizer há três meses que iria exceder esse número.
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