Clima extremo impõe riscos maiores para a produção mundial de alimentos

Por Alex Morales.

O risco de choques na produção mundial de alimentos e disparadas dos preços está aumentando devido a tempestades cada vez mais intensas e à maior frequência de enchentes e secas associadas a temperaturas mais quentes, disseram pesquisadores dos EUA e do Reino Unido nesta sexta-feira.

Por volta de 2040, é provável que o risco de ocorrência uma crise na produção de alimentos, atualmente de uma a cada cem anos, aumente para uma probabilidade de ocorrência a cada trinta anos, disse a U.K.-U.S. Taskforce on Extreme Weather and Global Food System Resilience em um relatório para o governo britânico. A concentração da produção de milho, soja, arroz e trigo em alguns grandes produtores poderia amplificar os choques, mostrando a necessidade de aumentar a resiliência do sistema alimentar mundial, disseram eles.

“É provável que os efeitos da mudança do clima sejam sentidos com mais força pela crescente frequência de fenômenos climáticos extremos como secas, ondas de calor e enchentes, e pelo seu impacto sobre a produção e a distribuição de alimentos – algo que consideramos praticamente um fato consumado”, disse Tim Benton, professor de Ecologia da Universidade de Leeds, no norte da Inglaterra.

Cientistas das Nações Unidas alertaram no ano passado que o mundo está despreparado para os efeitos da mudança do clima e que a produção mundial de trigo e milho já está sendo afetada negativamente pelo aumento das temperaturas. O rendimento do trigo caiu cerca de 2 por cento por década, e o do milho, cerca de 1 por cento, ao passo que o da soja e do arroz praticamente não se alterou, disseram eles.

Como se projeta que a demanda por alimentos aumentará 60 por cento de hoje até 2050, há uma necessidade cada vez maior de reverter as quedas dos rendimentos e de aumentar a produção e diminuir os impactos ambientais da produção das safras, disseram os pesquisadores. Eles recomendaram que os países se empenhem em tornar os mercados mais transparentes, acumular depósitos estratégicos de safras e entender melhor os riscos que enfrentam.

“É urgentemente necessário agir a fim de entender melhor os riscos, aumentar a resiliência do sistema global de alimentos aos choques ligados ao clima e mitigar o impacto sobre as pessoas”, disse Benton.

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