Mercados emergentes são esmagados com maior queda de ações em quatro anos

Por Maria Levitov.

Os investidores de mercados emergentes, atingidos pelo pânico, tiveram uma visão do pior na segunda-feira, com a maior queda das ações desde 2007, o que gerou ondas de choque a países em desenvolvimento, das Filipinas à África do Sul.

O índice Shangai Composite escorregou 8,5% com preocupações sobre o aprofundamento da recessão econômica na China e de que as medidas do governo contra esse aprofundamento não serão efetivas. Uma desaceleração crescente do crescimento da segunda maior economia do mundo prejudicaria a demanda por commodities e diminuiria as importações de países como Brasil, África do Sul e Rússia – todos eles possuem a China como seu maior parceiro comercial.

Com a queda do petróleo para cerca de US$40 por barril em Londres, as ações da Arábia Saudita caíram mais profundamente em um mercado baixista, a moeda da Africa do Sul, rand, enfraqueceu a uma baixa recorde e o rublo russo ultrapassou a marca de 70 ante o dólar pela primeira vez desde fevereiro. A turbulência política na Turquia e na Malásia piorou o sentimento negativo que pesa sobre países em desenvolvimento conforme os investidores prospectam taxas de juros mais altas nos EUA.

“É muito difícil gerenciar riscos em um ambiente com movimentações tão violentas”, disse Michael Wang, estrategista na Amiya Capital LLP em Londres que fala a favor de Coreia, Taiwan e Índia enquanto adverte contra o Brasil e sul da Ásia. “Mercados emergentes poderiam ser menos negociados na ausência de movimentações políticas na China ou se o Federal Reserve realmente aumentar as taxas em setembro”.

Vermelho por todos os lados

Medidores de ações no Vietnã, Índia, Filipinas, Hungria e Arábia Saudita caíram ao menos 4,5%. O Índice MSCI de Mercados Emergentes caiu 4,6% ara 774,83 às 11h24 em Londres, levando sua retração de sete dias a 10,4%, maior desde setembro de 2011.

Um medidor de 20 das moedas mais negociadas do mundo escorregou 0,6% para baixa recorde. O rand afundou ate 14,0682 por dólar, antes de cortar as perdas para 13,1969. As ações sul-africanas sentem pressão da retração de preços de produtos de exportação de platina a minério de ferro.

O rublo enfraqueceu 2,7% para 71,0450, nível que não era visto desde 30 de janeiro, quando o banco central iniciou um ciclo de cortes de taxas de juros. A ING Groe NV disse que o rublo pode cair para 75 por dólar se o petróleo cair até US$40. A moeda e os bonds russos foram os que mais retraíram entre as nações em desenvolvimento, com rendimentos em dívidas em moedas locais saltando 54 pontos base para 12,49%.

Maiores perdas

As preocupações a respeito da forma como a Rússia lidará com preços do petróleo que perderam um terço de seu valor nos últimos três meses estão exacerbando as vazões. O país, cuja receita deriva em aproximadamente 50% das indústrias de petróleo e gás, também sofre com sanções impostas por EUA e Europa por causa do seu papel no conflito com a Ucrânia.

“Os mercados entraram em pânico, e nessas condições quase qualquer nível é possível para o rublo”, disse em comentários por e-mail Yuri Tulinov, diretor de pesquisa no Rosbank PJSC em Moscou. “As vendas globais exacerbadas continuarão enquanto houver preocupações sobre a China e os declínios do petróleo”.

O ringgit, da Malásia, também sofreu com a rota do petróleo, caindo para baixa desde 1998 ante o dólar. A queda em energia coincide com um escândalo político envolvendo o primeiro ministro Najib Razak.

As ações russas, que se beneficiariam da queda do petróleo já que o país importa redes de combustíveis, estão em queda devido a preocupações com segurança depois do fracasso de conversas sobre um governo de coalizão levarem à necessidade de convocar novas eleições. A lira enfraqueceu 1% para 2,9495 depois de cruzar a barreira de 3 por dólar ela primeira vez em todos os tempos na semana passada.

“Desastre real”

A queda de hoje aconteceu depois que a China disse no final de semana que permitiria que fundos de pensão comprassem ações pela primeira vez, ao mesmo tempo em que a especulação de um corte nas taxas de reservas de bancos não se materializou.

Mais de US$5 trilhões foram cortados do valor de ações globais desde o choque da desvalorização do yuan duas semanas atrás. Taiwan, Brasil e Indonésia entraram em mercado baixista na semana passada quando o medidor de nações em desenvolvimento MSCI caiu na sexta-feira abaixo de um nível que havia sustentado preços desde outubro de 2011, interrompendo um padrão que analistas técnicos chamam de “canal” a favor de baixistas.

“Esse é um desastre real e parece que nada pode detê-lo”, disse Chen Gang, diretor de investimento na Heqitongyi Asset Management Co., em Xangai.
 

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