O setor de fundos hedge da região Ásia-Pacífico está vivendo um boom, considerando-se que 83 fundos novos superaram $ 5 bilhões em ativos em 2014, segundo uma pesquisa da AsiaHedge. Mesmo assim, de muitas formas, estabelecer um fundo hedge é mais difícil hoje do que uma década atrás, uma vez que as exigências regulatórias na fase inicial estão aumentando e os investidores estão cada vez mais exigentes em um ambiente competitivo de geração de fundos.
Compreender as preocupações dos investidores institucionais quando alocam recursos em gestores de fundos hedge regionais – em especial nos startups – foi um dos tópicos principais de discussão no Fórum de Fundos Hedge da Bloomberg realizado em Cingapura em julho. Estes foram os principais destaques do painel.
O ambiente está fértil para semear
Depois de se recuperar fortemente desde 2008, o setor de fundos hedge da Ásia está amadurecendo, os fundos estão se prolongando e os gestores experientes estão abrindo suas próprias empresas. “O jogo da semeadura mudou enormemente nos últimos três ou quatro anos na Ásia. Estamos vendo as pessoas saindo das empresas com experiência de trabalho em um ambiente analítico rigoroso, mas também com experiência em gestão de risco e carteira”, comentou David Walter, chefe de pesquisa da Ásia na PAAMCO. “Isso está se voltando para os semeadores. A oportunidade de obter dinheiro para semear na Ásia está mais forte do que foi por um bom tempo.”
O pool de talentos está crescendo
Essa “segunda geração” de gestores ainda é superada em números por aqueles que vem diretamente do sell-side, mas está se unindo a gestores dos EUA e da Europa à medida que os fundos internacionais estão se estabelecendo na Ásia, para aproveitar as oportunidades regionais. Isso inclui administrar fundos asiáticos macro ou se concentrar nos grandes mercados emergentes da China e da Índia, além do Japão. Cingapura e Hong Kong se beneficiaram com essa tendência: fatores como custos, impostos, logística e estilo de vida fizeram delas cidades atrativas para se estabelecer um fundo hedge concentrado nos mercados asiáticos.
As startups precisam definir seu foco
Em um mercado bastante fragmentado, os novos fundos hedge precisam encontrar uma forma de diferenciar sua oferta. Em vez de tentar ser tudo para todos os investidores, os gestores precisam identificar onde seu conjunto de habilidades e suas metas de negócios se inter-relacionam melhor com as necessidades dos investidores institucionais. Embora o histórico seja positivo, não é o único fator a ser considerado pelos alocadores quando decidem se um fundo hedge vale as taxas que cobra. “Cada vez mais, e sobretudo para as pessoas que investem em gestores em fase inicial, tudo tem a ver com a oportunidade e se você vai colhê-la de uma forma diferente”, diz Walter.
Infraestrutura é tão importante quanto investimento
Para as startups sem um histórico, é vital se certificar de ter as pessoas, os processos, a infraestrutura e os parceiros terceirizados certos para atrair investidores, principalmente aqueles baseados em outros países. “Estabelecer um fundo hedge é muito diferente de conduzir uma mesa exclusiva de um banco”, comentou Damien Tan, diretor executivo da Cambridge Associates. “Vemos que alguns fundos consideram a infraestrutura secundária na gestão da carteira. É aí que existe, às vezes, uma discrepância entre os fundos asiáticos mais novos e os fundos norte-americanos mais estabelecidos.” Alocar capital para começar com as funções operacionais adequadas desde o primeiro dia é um diferencial, comentou Walter. “Tem pessoas que dizem ‘Vamos fazer isso quando chegarmos em $ 30 milhões.’ Ou $ 50 milhões. Ou $ 70 milhões. Não existe um limite.”
Transparência é um pré-requisito
A transparência de posição está se tornando essencial para os fundos hedge que procuram demonstrar desempenho e para os investidores que procuram administrar pró-ativamente seu risco. Tradicionalmente, a Ásia fica atrás dos EUA e da Europa, mas as expectativas aumentaram de forma significativa nos últimos anos, e hoje os investidores esperam relatórios mensais ou até mesmo diários. Transparência não se trata apenas de reduzir riscos ou monitorar gestores, mas também pode ajudar a fortalecer a parceria entre um fundo hedge e seus investidores. “Nós a usamos como uma ferramenta de investimento pró-ativa”, disse Walter. “Sim, podemos identificar uma concentração de risco, mas estamos mais propensos a perguntar ao gestor se ele se sente confortável em fazer um upsize de uma oportunidade.”