- O estudo detalha como o mundo ainda pode cumprir as metas do Acordo de Paris e alcançar zero emissões líquidas de carbono (net zero, em inglês) até a metade do século
- O Cenário Net Zero atualizado da BNEF traça o caminho para manter o mundo abaixo de dois graus de aquecimento e atingir o net zero até 2050, mas o tempo para isso está se esgotando
- O relatório mostra nove tecnologias fundamentais que determinarão o sucesso da transição net zero e cuja rápida implantação pode ajudar a frear as emissões
- O estudo de base do relatório, o Cenário de Transição Econômica, mostra que tecnologias maduras e competitivas podem reduzir as emissões globais até 2050 em comparação com a não adoção de medidas de redução
- A análise global inclui uma modelagem detalhada para 12 principais economias e nove regiões e mostra quais compromissos climáticos dos países estão alinhados com o net zero
- Os investimentos necessários para o Cenário Net Zero da BNEF são apenas 19% a mais do que do Cenário de Transição Econômica
Embora o tempo esteja se esgotando, o New Energy Outlook 2024 da BloombergNEF revela como o mundo ainda pode alcançar a meta principal do Acordo de Paris – manter o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius e evitar piores impactos das mudanças climáticas – e o que seria necessário para chegar lá. O novo relatório indica que a velocidade de expansão de tecnologias limpas e descarbonização do setor de energia é crucial.
O New Energy Outlook 2024, relatório publicado hoje pela fornecedora de pesquisas BloombergNEF, apresenta dois cenários climáticos atualizados, o Cenário Net Zero (NZS, na sigla em inglês) e o Cenário de Transição Econômica de base (ETS, na sigla em inglês), projetados para embasar a formulação de políticas públicas, a agenda climática do países e as estratégias de transição de baixo carbono de empresas e instituições financeiras.
O Cenário NZS do relatório, que é consistente com uma chance de 67% de manter o aquecimento global em 1.75 grau Celsius, vê a demanda por petróleo, gás e carvão atingir o pico rapidamente e cair em um declínio acentuado a partir do ano 2025. Os setores de energia, transporte, indústria e edifícios estão transicionando em velocidades diferentes e de acordo com as tecnologias disponíveis para sua descarbonização, mas logo todos veem as emissões começando a cair imediatamente. Estas mudanças de curto prazo só ocorrem graças a uma rápida expansão das tecnologias de energia limpa, em especial a triplicação da capacidade global de energia renovável até 2030 e a adoção rápida de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês), levando a uma diminuição global nas vendas de veículos a combustão interna até 2034 e uma grande ampliação da tecnologia de captura de carbono, juntamente com o armazenamento de energia e a energia nuclear, antes de 2030.
“O caminho para se manter bem abaixo de dois graus está se estreitando”, disse David Hostert, chefe de economia e modelagem da BNEF e o principal autor do relatório. “Nos 18 meses desde a última atualização de nossos cenários globais, a transição energética certamente acelerou – mas está longe de ser o suficiente. Este relatório deveria servir como um alerta para todos nós: precisamos de uma rápida redução nas emissões a partir de agora – não em cinco anos – para manter a possibilidade de alcance da meta de net zero até metade do século.”
Fonte: BloombergNEF. Obs.: o Cenário Sem Transição é um contrafactual hipotético que modela nenhuma melhoria na descarbonização e na eficiência energética. Em energia e transporte, supõe-se que o mix futuro de combustíveis não muda a partir de 2023 (2027 para transporte marítmo). Para todos os outros setores, o contrafactual ao Cenário Net Zero (NZS) é o Cenário de Transição Econômica (ETS). “Energia limpa” inclui energias renováveis e nucleares e exclui captura e armazenamento de carbono (CCS), hidrogênio e bioenergia, que são alocados em suas respectivas categorias. A “eficiência energética” inclui ganhos de eficiência do lado da demanda e mais reciclagem na indústria.
A descarbonização do setor de energia elétrica representa quase metade das emissões evitadas entre hoje e 2050, em comparação com o Cenário Sem Transição onde não há ação adicional de descarbonização. A eletrificação dos setores de uso final, incluindo o transporte rodoviário, edifícios e indústria, representa cerca de um quarto das emissões futuras. As soluções necessárias para reduzir o último quarto estão entre as mais desafiadoras para serem implementadas em larga escala: biocombustíveis no transporte marítimo e aéreo; hidrogênio na indústria e no transporte; e captura e armazenamento de carbono na indústria e na geração de energia.
O New Energy Outlook também detalha um cenário ETS de base, no qual as tecnologias são implantadas apenas quando são economicamente competitivas em termos de custo ou adotadas por escolha do consumidor, sem nenhum apoio político adicional para tecnologias limpas. A acessibilidade das energias renováveis, especialmente solar e eólica, significa que elas crescem rapidamente neste cenário, para 51% da geração global de energia em 2030 e 70% até 2050. O sistema de energia global é transformado e se torna muito mais flexível para acomodar altas penetrações de energia eólica e solar.
Fonte: BloombergNEF. Obs.: inclui a geração de eletricidade para produção de hidrogênio no Cenário Net Zero. “Outras renováveis” inclui todas as outras energias renováveis sem combustível, incluindo hidrelétrica, bioenergia, geotérmica e solar térmica. CCS é captura e armazenamento de carbono.
“Nossa modelagem horária mostra que os sistemas de energia podem acomodar penetrações muito altas de energia eólica e solar sem incorrer em custos mais altos”, disse Ian Berryman, líder de modelagem de sistemas de energia da BNEF. “Com a ajuda do carregamento inteligente de veículos elétricos, do armazenamento de baterias e dos geradores flexíveis, o sistema de energia mais acessível do futuro será um sistema baseado em um fundamento de energias renováveis baratas.”
O ETS também aponta para um aumento significativo da adoção de veículos elétricos, graças ao aumento da competitividade de custos em comparação aos veículos convencionais. Devido aos impactos combinados da energia limpa, de EVs e de eficiência energética, as emissões em 2050 no ETS são a metade do que seriam sem estas tecnologias ou 27% abaixo dos níveis atuais. Isto está longe de alcançar o net zero – e viola o Acordo de Paris com um resultado de aquecimento global de 2.6 graus Celsius – mas demonstra até que ponto a transição energética já pode se basear em tecnologias viáveis economicamente e disponíveis comercialmente. Neste cenário, os combustíveis fósseis ainda desempenham um papel importante nos setores de energia, indústria, transportes e edifícios, mas a demanda por gás cresce modestamente, enquanto a demanda por petróleo e carvão está pronta para entrar em um período de declínio estrutural.
Matthias Kimmel, chefe de economia de energia da BNEF, disse: “A energia renovável, os veículos elétricos e o armazenamento de energia já estão sendo implantados em escala e continuarão a crescer ainda mais nos próximos anos. Estas três tecnologias são as escolhas certas para ajudar os países a reduzir as emissões, melhorar a segurança energética e até reduzir os custos do sistema energético atual.”
A BNEF aperfeiçoou seu modelo para a edição de 2024 do New Energy Outlook. A análise agora inclui resultados detalhados de modelagem para 12 países e nove regiões para ambos os cenários e mostra que:
- Os atuais planos climáticos (Contribuições Nacionalmente Determinadas ou NDCs) do Brasil, França, Reino Unido, EUA e Austrália são os mais alinhados com o Cenário Net Zero da BNEF.
- Alemanha, Coreia do Sul, Japão e Índia têm NDCs existentes alinhados ou melhores que o Cenário de Transição Econômica – indicando que há margem para elevarem suas contribuições de se alinhar com o Cenário Net Zero.
- China, Indonésia e Vietnã têm o maior margem para elevar a ambição em suas próximas Contribuições Nacionalmente Determinadas. Seus NDCs atuais ainda não se enquadram no Cenário de Transição Econômica.
O relatório também aborda outros tópicos importantes relacionados à transição global de baixo carbono, incluindo:
- A necessidade de ampliar em escala nove tecnologias-chave para se manter no caminho do net zero. Estas são: energia renovável, veículos elétricos, armazenamento de energia em baterias, energia nuclear, captura e armazenamento de carbono, hidrogênio, combustíveis sustentáveis para aviação, bombas de calor e redes de energia.
- Uma análise clara dos setores em que o hidrogênio de baixo carbono pode ter maior impacto na transição energética, e onde a eletrificação faz mais sentido.
- Como as nove tecnologias acima combinam e interagem para solucionar a descarbonização nos setores de energia, transporte, indústria e edifícios.
- Os volumes de investimento necessários para alcançar o ETS (US$ 181 trilhões globalmente até 2050) e o NZS (US$ 215 trilhões até 2050), e porque estas estimativas são surpreendentemente semelhantes (apenas 19% maior no NZS).
- A importância das considerações sobre o uso da terra, uma vez que as tecnologias de baixo carbono geralmente exigem uma escala maior de área do que as fontes baseadas em combustíveis fósseis, e a crescente demanda de terras devido a transição energética, a produção de alimentos e a preservação da biodiversidade precisarão ser impulsionadas e otimizadas de forma integrada.
Fonte: BloombergNEF. Obs.: ICE é motor de combustão interna. CCS é captura e armazenamento de carbono. Os números acima das barras indicam valores cumulativos de investimento e despesa de 2024 a 2050.
Um resumo executivo do New Energy Outlook 2024 está disponível publicamente por meio deste link. Pela primeira vez, a BNEF também está disponibilizando um conjunto limitado de dados do relatório aqui.
Os clientes da BloombergNEF podem encontrar o relatório completo e a visualização completa dos dados em bnef.com e no terminal Bloomberg.
Sobre a BloombergNEF
A BloombergNEF (BNEF) é uma fornecedora de pesquisas estratégicas que cobre os mercados globais de commodities e as tecnologias disruptivas que impulsionam a transição para uma economia com baixa emissão de carbono. Nossos especialistas avaliam como os setores de energia elétrica, transporte, indústria, edifícios e agricultura podem se adaptar à transição energética. Ajudamos os profissionais de negociação de commodities, estratégia empresarial, finanças e políticas a lidar com as mudanças e criar oportunidades.
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