Por Chris Cooper e Katsuyo Kuwako.
Kimi Takura deixou seu acelerado emprego de entregador quando tinha 22 anos, depois que ficou hospitalizado por um mês com exaustão. Sem trabalho, ele vendeu seu adorado Jaguar, comprou um ônibus de segundo mão e deu início a um negócio solitário transportando turistas taiwaneses pelo Japão.
Ele trabalhou todos os dias que conseguiu durante o ano seguinte, levando passageiros entre Tóquio e Osaka, e para Kyoto e outros pontos turísticos, quando um agente de viagens se ofereceu para emprestar dinheiro para ele comprar mais três ônibus. O negócio de Takura cresceu tanto que ele achou que precisava de ainda mais.
Para um país que ostenta gigantes multinacionais, como Toyota Motor e Sony, existem comparativamente menos pessoas como Takura no Japão dispostas a trocar a segurança de um emprego vitalício por uma carreira de maior risco, mas potencialmente mais lucrativa, como empreendedor. Apenas um quarto das empresas japonesas está em atividade há menos de uma década, contra mais da metade na maioria dos países do mundo desenvolvido.
“Eu adorava dirigir”, disse Takura, CEO da Heisei Enterprise, que abandonou o Ensino Médio quando a empresa do pai foi à falência e trabalhou para juntar dinheiro para comprar seu próprio carro.
Ele se lembra de que lhe disseram que, se queria dirigir por aí, ele deveria pelo menos transportar alguns passageiros pagantes. “Eu pensei e percebi que era uma ótima ideia”, disse Takura em entrevista em Fujimi, a noroeste de Tóquio. “Eu podia dirigir e ganhar algum dinheiro ao mesmo tempo.”
A companhia que Takura criou em 1992 atualmente opera uma frota de 400 ônibus para passeios turísticos, serviços noturnos em todo o Japão e transportes diários para escolas. A Heisei recebe cerca de 60 por cento das reservas dos ônibus pela internet, enquanto que em seus concorrentes a taxa é de 30 por cento, segundo Takura. Ela registrou lucro por 20 anos seguidos, dando respaldo a cerca de 800 funcionários.
Abertura de capital
No entanto, aos 51 anos ele ainda não se dá por satisfeito. Perto de dezembro do ano que vem ele planeja listar a Heisei na Bolsa de Valores de Tóquio em uma oferta pública inicial de 10 bilhões de ienes (US$ 87 milhões) para garantir a continuidade da empresa mesmo após sua aposentadoria.
“Normalmente as empresas de ônibus não realizam IPOs”, disse ele. Mas “nós somos vistos como uma empresa de ônibus de TI porque obtemos boa parte do nosso dinheiro por meio da internet”.
Parte do motivo pelo qual o Japão possui menos startups é que o país está atrás dos demais países em termos de financiamento de capital de risco. O nível de investimento de risco é inferior à mediana da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e está muito abaixo do observado nos EUA e no Canadá, segundo relatório da organização de abril de 2015.
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