Por Christopher Jasper e Frederic Tomesco com a colaboração de Benjamin D. Katz.
Com a aquisição de uma participação majoritária na produção do avião CSeries da Bombardier, a Airbus ameaça deixar a Boeing para trás na corrida para desenvolver uma nova geração de jatos de curta distância mais avançados.
Por um lado, o negócio anunciado na noite de segunda-feira parece ser uma boa maneira de oferecer à Airbus uma aeronave de fuselagem estreita menor que se encaixe sob seus próprios modelos da série A320 e concorra com as variações menores do 737, o burro de carga da Boeing.
Por outro lado, o acordo dá à fabricante de aviões europeia acesso a um design tecnologicamente avançado e eficiente em termos de combustível que poderia constituir a base de seu desafio no setor de aviões de maior volume nas próximas décadas, poupando bilhões em custos de desenvolvimento e exercendo pressão sobre a Boeing, que só agora está traçando planos para um novo modelo de curta distância.
“Isso torna difícil para a Boeing ser competitiva em termos de custo no campo da fuselagem estreita”, disse Nicholas Heymann, analista da William Blair, em Nova York, que estima que a adição do CSeries pode poupar US$ 10 bilhões à Airbus em custos de desenvolvimento.
Aviões médios
A decisão da Airbus inverte a situação em relação à rival Boeing, que parecia ter ganho uma vantagem com o plano para um avião de 220 a 270 lugares que se encaixa entre os maiores aviões de corredor único e os menores modelos de fuselagem larga para reabrir um mercado que não era atendido de forma apropriada desde que o 757 da empresa dos EUA deixou de ser produzido, há mais de uma década.
Apelidado de 797, o novo avião médio (ou NMA, sigla do termo em inglês New Mid-market Airplane) é um jato de forma oval com dois corredores que deverá obter aprovação formal da Boeing nos próximos meses. O modelo deverá ser lançado em meados da década de 2020.
Com a incorporação do CSeries da Bombardier, a Airbus ganha um avião construído totalmente em compósito — algo inédito no segmento de fuselagem estreita — e um design muito mais moderno que o do Boeing 737, cujo formato original data do fim da década de 1960, ou o do próprio Airbus A320, que voou pela primeira vez em 1987.
Essa tecnologia poderia ajudá-la a desafiar o 797 depois que a Airbus pareceu impotente para acompanhar o ritmo, distraída pela atribulada aceleração da produção com seus mais novos aviões A350 e A320neo, com os esforços para levar um A330 reformulado ao mercado e com a dúvida sobre a possibilidade de atualizar seu superjumbo A380, de vendas ruins.
Ao anunciar o acordo, o CEO da Airbus, Tom Enders, disse que é muito cedo para especular se o avião constituirá a base do próximo produto de curta distância da empresa, embora reconheça que a empresa provavelmente se inspirará no design da cabine e na aeronáutica avançada do modelo canadense.
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