Por Deena Shanker.
Proteína, proteína, proteína. Os americanos parecem não cansar dela.
Eles consomem um smoothie proteico de morango e banana no café da manhã, uma barra proteica de bolacha e creme no almoço, alguns nachos proteicos de queijo condimentados no lanche e uma pizza congelada enriquecida com proteína no jantar. E não se esquecem dos filhos. Há produtos proteicos feitos especialmente para eles.
Para muitos consumidores, “proteína” virou sinônimo de “saudável”. Quando os americanos querem produtos saudáveis, esse é o termo mais buscado: 63 por cento dos consumidores procuram essa palavra, segundo relatório de tendência de saúde de setembro da Mintel Group. Supera, assim, os termos “fibra” (61 por cento), “grãos integrais” (57 por cento) e até “ingredientes orgânicos” (36 por cento). Entre aqueles que fazem dieta para perder peso, 66 por cento disseram que buscam “proteína”, novamente superando todos os outros termos listados.
Essa preferência está compensando para as empresas de alimentos que oferecem proteína — US$ 3,8 bilhões em produtos alimentícios que afirmam ser uma “excelente fonte de proteína” foram vendidos nos EUA entre outubro de 2015 e outubro de 2016, segundo dados da Nielsen. Isso representa um crescimento de 11,6 por cento.
Nós precisamos de proteína. Trata-se de um dos macronutrientes, juntamente com a gordura e os carboidratos, que oferecem calorias e, portanto, energia. Mas os americanos estão consumindo muita proteína, tanto em alimentos frescos quanto embalados, e muito mais do que o consumidor global médio, segundo dados da Euromonitor.
Os americanos consumiram 48,5 gramas de proteína per capita por dia em alimentos frescos e 54,2 gramas por dia em alimentos embalados em 2015. Os lácteos, excluindo sorvetes e sobremesas congeladas, foram a principal categoria, a carne processada e os frutos do mar ficaram em segundo lugar e produtos de panificação vieram em terceiro. Globalmente, os alimentos frescos contribuem com 30 gramas de proteína por dia e os embalados, com 16 gramas.
Na verdade, os americanos estão consumindo cerca de duas vezes a quantidade de proteína recomendada. As últimas orientações dietéticas do governo americano aconselham os homens a consumirem 56 gramas de proteína por dia; para as mulheres, a quantidade é de 46 gramas.
E toda essa proteína torna os americanos mais ou menos saudáveis?
“Existem evidências razoáveis de que os níveis maiores de proteína na dieta são positivos para te satisfazer e talvez para facilitar a perda de peso”, disse Lawrence J. Cheskin, doutor em Medicina e diretor do Johns Hopkins Weight Management Center. Isso não significa que os americanos devam consumir ainda mais. “Já estamos comendo mais proteína do que precisamos”, disse ele.
Isso vale não apenas para o americano médio, segundo Cheskin, mas também para vegetarianos e atletas, dois grupos que muitas vezes pensam que precisam de uma maior quantidade. “Até mesmo as pessoas que fazem exercícios e ficam mais fortes já estão comendo bastante”, disse ele.
Até uma coisa positiva, se exagerada, pode ser prejudicial, especialmente se significar a ausência de outros alimentos importantes na dieta. “O que não estamos comendo muito são frutas, vegetais e grãos integrais”, disse Cheskin. A proteína não é a única culpada por isso — gorduras e carboidratos inúteis também são um problema.
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