Por Anna Hirtenstein.
Um cilindro inócuo de metal em um jardim no sopé dos Alpes italianos, que consome silenciosamente a poluição do ar, pode ser parte da resposta à ambição do presidente eleito Donald Trump de estimular a queima de carvão.
Sua fabricante, a U-Earth Biotechnologies, é uma das poucas companhias em todo o mundo que buscam combater o smog, em essência, digerindo-o. O cilindro de três metros de altura, que faz parte de um projeto de demonstração em Turim, contém um tipo de bactéria capaz de consumir a fumaça emitida pelos carros, dióxido de enxofre das usinas de carvão e outros venenos presentes no ar. Uma das unidades consegue criar uma bolha de ar limpo do tamanho de uma quadra de basquete, segundo a cofundadora Betta Maggio.
“Em vez de destruir o planeta jogando fora filtros de máquinas de ventilação, nós imobilizamos a poluição e a transformamos”, disse Maggio.
O projeto é um exemplo das centenas de tecnologias que cientistas e empresas estão testando como solução para controlar a poluição. Nenhuma delas é capaz de resolver o problema sozinha, mas cada uma pode dar sua contribuição. Entre os pioneiros estão uma empresa de design social de Roterdã que está realizando um projeto de demonstração na China e uma empresa de pesquisa ambiental de Berlim especializada na construção de fachadas de prédios que neutralizam quimicamente as partículas nocivas presentes no ar.
Se essas ideias forem comercializadas e produzidas em massa, as emissões da fabricação dos aparelhos também precisarão ser levadas em conta. E se elas forem realmente capazes de operar em escala, o descarte da sujeira recolhida do ar pode ser outro obstáculo no futuro. A Studio Roosegaarde, de Roterdã, Holanda, afirma que o produto final de seu próprio aparelho é tóxico demais para ser jogado em aterros, mas o fundador afirma que pode ter uma solução.
A firma criou um purificador de ar gigante, conhecido como Smog Free Tower, que limpa uma área do tamanho de um estádio de futebol. A máquina utiliza um método conhecido como “ionização”, com eletricidade estática, que envia uma carga positiva para atrair partículas para seu aparelho de carga negativa. Depois, o dispositivo comprime os poluentes pescados na atmosfera em uma poeira negra.
A empresa fundada pelo artista Daan Roosegaarde armazena o smog concentrado em invólucros de plástico que são transformados em joias. Um anel enfeitado com um pequeno cubo negro era anteriormente cerca de 1.000 metros cúbicos de ar sujo. Ele está trabalhando em um novo design que integraria sua máquina aos canos de esgoto de uma cidade para que a poeira tóxica seja processada com as águas residuais, o que diminuiria o problema do descarte.
O estúdio de design industrial Elegant Embellishments, de Berlim, por sua vez, criou um material para a construção de fachadas de edifícios que reage quimicamente às partículas nocivas presentes no ar e as neutraliza.
A superfície é feita de dióxido de titânio, um ingrediente comum em tintas e no papel por seu pigmento branco. Ele transforma os poluentes em óxido de nitrogênio e os compostos orgânicos voláteis do escapamento dos carros em nitrato de cálcio, um tipo de sal, e em um pouco de dióxido de carbono. O sal se concentra na fachada e é lavado quando chove.
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