Por Gerson Freitas Jr.
O aumento do consumo de carne bovina na China está impulsionando as exportações dos frigoríficos brasileiros.
Em pouco mais de um ano desde que obteve autorização para voltar a vender para a China, o Brasil ultrapassou a Austrália e se tornou o maior fornecedor de carne para o país asiático, que deve importar neste ano um volume recorde em meio ao crescente déficit de produção.
Nos seis primeiros meses do ano, os embarques brasileiros para China e Hong Kong cresceram 65 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.
Os chineses comem muito mais porco do que qualquer outra carne, mas o consumo per capita está em queda. Em contrapartida, o consumo individual de carne bovina sobe.
Apenas os EUA importam mais carne bovina do que a China, onde o forte aumento da renda está levando a uma mudança nos hábitos de consumo. Ao mesmo tempo, o Brasil tem, neste momento, um grande excedente de carne bovina devido à estagnação da demanda doméstica. A desvalorização do real no ano passado deixou o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional.
“A China terá um impacto importante nesse mercado”, afirma Miguel Gularte, presidente da JBS Mercosul. “É um mercado fantástico para o Brasil”.
O consumo de carne bovina China deve atingir neste ano a marca recorde de 3,86 quilos por habitante, ante 3,03 quilos há uma década, segundo estimativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Como a produção não cresceu no mesmo ritmo, as importações devem atingir a inédita marca de 1,22 milhão de toneladas em 2016, incluindo os volumes destinados a Hong Kong — um salto de 22 por cento apenas neste ano, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA. Trata-se de um aumento de quase quatro vezes em relação aos níveis de 2012. As importações, que no ano passado correspondiam a 25 por cento do consumo, devem atingir 36 por cento neste ano.
Superando a Austrália
A Austrália era a maior exportadora de carne bovina para a China. No entanto, o país da Oceania vem perdendo espaço em meio a uma queda na produção doméstica, o que abriu caminho para o Brasil. Os embarques brasileiros para China e Hong Kong somaram 265,8 mil toneladas no primeiro semestre, ante apenas 161 mil toneladas um ano antes, segundo dados da indústria. Com isso, os embarques brasileiros de carne bovina cresceram 12 por cento, ao todo, para 736 mil toneladas. JBS, Minerva e Marfrig Global Foods respondem pela maior parte desse volume.
“A China está surgindo como a primeira alternativa à Europa para a carne premium do Brasil”, afirma Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), em entrevista por telefone, de São Paulo. “Ainda há muito espaço para ampliar as exportações de carne gourmet para a China”.
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