Por Evgenia Pismennaya, Anna Andrianova e Ksenia Galouchko.
O banco central da Rússia não está sendo pressionado pelo presidente Vladimir Putin a desistir da flutuação livre do rublo, e as autoridades monetárias consideram que a exasperação do presidente com a valorização da moeda é uma mensagem para o governo, disse uma autoridade.
A política do governo foi o alvo das declarações de Putin na terça-feira que provocaram a maior queda do rublo em quase um mês, de acordo com a autoridade do banco, que pediu anonimato devido à sensibilidade do assunto. O presidente não instruiu o banco central a enfraquecer a taxa de câmbio, disse.
O rublo está passando para o primeiro plano das iniciativas de política econômica dois anos depois de o banco central permitir que a moeda seja negociada livremente porque a economia despencou para a maior crise cambial desde 1998. Na quinta-feira, o Banco da Rússia disse que tem um compromisso com a flutuação livre e que não modificará a taxa de câmbio após um assessor econômico do Kremlin ter dito que a valorização pode ter ido longe demais.
“Se o banco central tentar derrubar o rublo agora, isso aumentaria a oferta de dinheiro, elevaria a pressão inflacionária e equivaleria a uma inversão de toda a política”, disse Vladimir Tikhomirov, economista-chefe da BCS Financial Group, uma corretora de Moscou. “É por isso que eu duvido que o banco central vá nessa direção”.
Alertas diários
Putin assustou os traders na terça-feira quando pediu que o primeiro-ministro Dmitry Medvedev monitore a movimentação do rublo enquanto o preço do petróleo, maior fonte de receita de exportação da Rússia, continuar volátil. Repetindo esse alerta, Andrey Belousov, assessor de Putin, disse que a força da moeda em relação aos preços do petróleo põe em risco o orçamento e a competitividade das empresas locais.
A moeda russa começou a “se valorizar demais” e está prejudicando as exportações do país, disse Belousov. O banco central tem uma opinião diferente, de acordo com a autoridade do Banco da Rússia.
“O banco central não pretende abandonar sua flutuação livre e não tem planos de interferir no câmbio do rublo”, informou a assessoria de imprensa do banco em um comunicado.
O rublo eliminou o avanço no começo das negociações de quinta-feira depois que a comoção provocada pelas declarações das autoridades e do banco central indicaram uma divergência no governo sobre o que é melhor para a economia.
A moeda russa caminhava para seu maior declínio semanal em dois meses depois das discussões. Ela registrava desvalorização de 0,6 por cento, para 64,7575 frente ao dólar, às 17 horas em Moscou. O Brent estava 0,8 por cento mais fraco, a US$ 45,83 por barril.
“Existe certa divisão entre aqueles que estão bastante convencidos e tentam convencer o presidente de que a moeda está excessivamente valorizada e de que isso é ruim para a economia e aqueles que não têm certeza do benefício líquido de ter uma taxa de câmbio mais fraca”, disse Dmitri Petrov, analista da Nomura International em Londres.
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