Por John Glover e Nicholas Comfort.
Os bancos europeus estão deixando clara a mensagem de que os órgãos reguladores globais estão tentando impor novas regras extravagantes que não são respaldadas pelo mandato que receberam dos formuladores de políticas.
Os líderes das finanças se valeram das promessas dos ministros de economia do G-20 e da União Europeia para evitar o aumento das exigências de capital quando fizeram campanha contra os planos durante teleconferências de resultados realizadas nas últimas semanas. As regras elaboradas pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia penalizariam os bancos e prejudicariam sua capacidade de financiar o crescimento econômico, a menos que sejam reduzidas significativamente, disseram os executivos.
“No momento, parece que o impacto é extremamente draconiano e seria, em essência, um divisor de águas para o setor bancário deste planeta”, disse Marcus Schenck, diretor financeiro do Deutsche Bank, na conferência de analistas da empresa, na semana passada.
“Ainda há muito trabalho em andamento para ver como isto pode ser harmonizado com o que eu considero que foi indicado na reunião do G-20, quando eles reiteraram novamente que esse aperfeiçoamento do Basileia III não visava gerar nenhuma necessidade significativa de capital adicional no lado do setor bancário”, disse Schenck.
Os bancos estão contra-atacando em um momento em que o Comitê da Basileia, que tem entre seus membros o Federal Reserve e o Banco Central Europeu, está reformulando as regras do cálculo, feito pelos bancos, do risco de seus ativos. Os órgãos reguladores afirmam que modelos internos têm sido usados para manipular as exigências de capital e minimizar os riscos, enquanto os banqueiros argumentam que as medidas representam um desvio e apelidaram o pacote de “Basileia IV”.
Freios ao modelo
Entre as sugestões da Basileia há limites referentes à diferença máxima dos modelos internos dos bancos em relação às abordagens padronizadas e pisos de capital que não podem ser debilitados por modelos internos. Como os bancos da Europa e do Japão são os maiores usuários desses modelos, a oposição a essa tentativa é generalizada nessas regiões.
As propostas são, “eu diria, surreais”, disse o diretor financeiro do Crédit Agricole, Jérôme Grivet, na conferência com analistas do banco, na semana passada. Em resposta a uma pergunta sobre a probabilidade de os órgãos reguladores aliviarem a pressão, ele especulou que o “absurdo” das regras era tão grande que existe uma probabilidade cada vez maior de que as propostas sejam completamente descartadas.
Os bancos convenceram alguns ministros da economia e presidentes de bancos centrais. Começando com o corpo administrativo do Comitê da Basileia, em janeiro, e dos ministros das finanças do Grupo dos 20, em fevereiro, as autoridades políticas que sustentam o poder da Basileia pediram que o comitê calibre a nova medida com cuidado.
“O comitê se concentrará em não aumentar significativamente as exigências de capital globais”, disse o órgão supervisor da Basileia, comandado pelo presidente do BCE, Mario Draghi, em janeiro. Em Xangai, os ministros do G-20 prometeram apoiar os esforços da Basileia “sem aumentar significativamente as exigências de capital globais no setor bancário”.
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