Por Jana Randow e Carolynn Look com a colaboração de Sofia Horta e Costa.
O Banco Central Europeu está avaliando um elemento crucial de seu plano de estímulos que provavelmente ganhará importância no ano que vem.
O BCE está revisando o programa de compra de títulos corporativos, de acordo com autoridades a par do assunto. O estudo do Comitê de Operações de Mercado está focado na eficácia da estratégia — que já consumiu 126 bilhões de euros (US$ 148 bilhões) — e em sua influência sobre a oferta de crédito na economia da zona do euro.
As autoridades, que pediram anonimato porque o tema é confidencial, também discutem se os benefícios são maiores para grandes empresas e seus acionistas. Em comunicado enviado por email, o BCE afirmou que está “monitorando constantemente o impacto de seus programas de compra de ativos”.
O BCE se prepara para decidir como vai implementar a redução dos estímulos quantitativos a partir de janeiro. Nos termos atuais, o programa vai ultrapassar 2,5 trilhões de euros em setembro e, como alguns países já enfrentam escassez dos títulos soberanos que representam a maior parcela das compras, a parcela alocada a títulos corporativos pode aumentar. O presidente da instituição, Mario Draghi, afirmou no mês passado que o volume de compras de instrumentos emitidos pelo setor privado continuará substancial.
O programa de instrumentos corporativos foi adicionado mais adiante no arcabouço de estímulos quantitativos. Seu começo foi em junho de 2016, quando o banco central intensificou os esforços para incentivar a inflação. A compra de dívidas emitidas por governos e agências governamentais começou em março de 2015. A compra de títulos cobertos e garantidos por ativos começou mais modestamente, em 2014.
O BCE atualmente compra 60 bilhões de euros por mês em dívidas, dos quais 50 bilhões de euros vão para papéis do setor público e 7 bilhões de euros para instrumentos corporativos. Títulos cobertos e garantidos respondem pelo restante.
As compras mensais vão diminuir para 30 bilhões de euros em janeiro, de modo que a parcela dos títulos corporativos pode aumentar. Falando a parlamentares europeus na segunda-feira, Draghi lembrou que isso já aconteceu antes, em abril, quando o BCE reduziu o volume mensal de compra de títulos, que chegava a 80 bilhões de euros.
Alguns representantes oficiais se perguntam se as grandes empresas — que têm maior acesso aos mercados de títulos — estão usando dinheiro barato para financiar operações de recompra de ações em vez de ampliar os investimentos.
Os investimentos em capital por companhias europeias devem ficar inalterados neste ano e crescer pela primeira vez em cinco anos em 2018, mas ainda moderadamente, segundo projeção de analistas do UBS Group.
Do outro lado, alguns governantes acham que o programa oferece suporte indireto a pequenas e médias empresas que não acessam os mercados de capitais, conforme argumentou o BCE em junho em seu Boletim Econômico.
“Condições favoráveis no mercado de títulos resultaram em efeitos secundários positivos que sustentaram os empréstimos bancários”, afirmou a instit,uição na ocasião. “Quando grandes corporações se financiam mais e mais por meio da emissão de títulos em vez de empréstimos bancários, isso libera capacidade no balanço patrimonial dos bancos para empréstimos potenciais a pequenas e médias empresas.”
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