BCE tentará nocautear a deflação no 11° assalto da luta

Por Jeanna Smialek e Andre Tartar.

Mario Draghi está prestes a começar o 11° assalto da luta épica do Banco Central Europeu contra a ameaça da deflação.

O presidente do BCE e seus colegas lançaram um estímulo importante para reacender o crescimento dos preços na zona do euro em dez das 47 reuniões de política monetária realizadas desde que ele tomou as rédeas, mas a região sofria uma taxa de inflação negativa ainda na semana passada. Para a decisão desta semana, os economistas em uma pesquisa da Bloomberg são quase unânimes em prever que serão tomadas medidas, e a boa notícia para Draghi é que a maioria diz que elas serão suficientes.

Os resultados da pesquisa mostram o que as autoridades poderiam ter que fazer se quiserem evitar uma reprise do ocorrido em dezembro, quando um ajuste do estímulo não conseguiu impressionar os investidores e desencadeou uma queda forte no mercado. Apenas três meses depois, com os preços ao consumidor de novo em queda e uma piora da perspectiva, a credibilidade do banco central enfrenta uma prova crucial.

“Draghi não vai quer decepcionar os mercados de novo”, disse Holger Sandte, analista-chefe da Nordea Markets para a Europa em Copenhague. “Custa-me imaginar que – em um futuro distante – todas as medidas convencionais e não convencionais possam ser retiradas sem problemas. Mas a preocupação mais imediata do BCE é evitar o risco de que a deflação aumente”.

Previsões

Quase três quartos dos economistas consultados na pesquisa antecipam que o BCE expandirá as aquisições mensais de bonds na quinta-feira, e só um deles não projeta que a taxa de depósitos seja reduzida para um valor ainda mais negativo.

Entre aqueles que preveem uma expansão da flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês), a mediana das estimativas é um aumento dos atuais 60 bilhões de euros mensais para 75 bilhões de euros (US$ 82 bilhões). Segundo o compromisso do BCE de comprar dívida pelo menos até março de 2017, isso acrescentaria quase 200 bilhões de euros ao programa de 1,5 trilhão de euros.

A taxa de depósitos provavelmente será reduzida em 10 pontos-base, para -0,4 por cento, mostrou a pesquisa. A taxa está em sintonia com as apostas dos investidores baseadas em swaps da média do índice overnight para o euro. Dois terços dos participantes disseram que o BCE apresentará uma taxa de depósitos escalonada, ou um sistema parecido, para reduzir a pressão sobre os lucros dos bancos que ameaça restringir o crédito.

Medidas

Desde que se tornou presidente do BCE em novembro de 2011, Draghi anunciou oito reduções das taxas de juros, dois programas de empréstimos de longo prazo para bancos e um programa de aquisições de ativos que foi expandido e prolongado. Ele mencionou o risco de um crescimento fraco dos preços como justificativa. Draghi também apresentou uma orientação futura da política para as taxas, facilitou as operações de refinanciamento e criou um plano de compras de bonds de emergência para economias em dificuldades que nunca foi usado.

Depois disso tudo, a inflação é de -0,2 por cento e as projeções macroeconômicas revisadas do BCE, que serão publicadas na quinta-feira, poderiam mostrar que a meta de que o crescimento dos preços ao consumidor volte para pouco menos de 2 por cento está cada vez mais longe. Embora um indicador de expectativas de inflação do mercado tenha dado um salto na semana passada, a medição caiu muito nos últimos meses. O índice econômico Sentix para a zona do euro, publicado nesta segunda-feira, recuou pelo terceiro mês consecutivo.

Os economistas na pesquisa sinalizaram que o presidente do BCE tem o potencial para fazer o bastante para ter sucesso nesta reunião. Mais de 70 por cento disse que não haveria mais expansões nas aquisições mensais da QE depois deste mês. Sessenta por cento disse que não haveria mais ajustes na taxa de depósitos, embora um terço tenha projetado outra redução para junho. Entre os que esperam outra redução, a mediana das estimativas é de 10 pontos-base.

“As expectativas do mercado têm crescido consideravelmente”, disse Christopher Matthies, economista da Sparkasse Südholstein, em Neumünster, na Alemanha. “A gestão de expectativas tem que ser fundamental e uma preocupação primordial para o BCE após a decepção de dezembro”.

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