Por Jeremy Hodges, Ewa Krukowska e Mathew Carr com a colaboração de Brian Parkin e Anna Shiryaevskaya..
O mercado de carbono da Europa, de US$ 38 bilhões por ano, está finalmente começando a funcionar como se pretendia, controlando a poluição com um mínimo de queixas da indústria.
Treze anos após ser criado para limitar as emissões de dióxido de carbono, os preços das licenças estão aumentando. As autoridades da União Europeia promulgaram medidas que deverão manter o custo da poluição em uma trajetória ascendente até 2030, levando os hedge funds que abandonaram o mercado a retornarem com tudo.
“Durante um período de mais de cinco anos, esse mercado esteve no deserto”, disse Per Lekander, gerente de fundos da Lansdowne Partners U.K. em Londres. “O que aconteceu nos últimos cinco meses é que a comunidade de investimentos está apoiando o mercado novamente e assumindo posições.”
Grandes poluidoras entenderam a mensagem e estão começando a se adaptar. Da fabricante de veículos Volkswagen à RWE, a maior geradora de energia da Alemanha, a indústria está limpando suas chaminés recorrendo a fontes renováveis e se prepara para uma era em que as usinas de carvão deixarão de existir por força da regulação. Algumas empresas estão comprando antes que as licenças se tornem ainda mais caras.
Tudo isso está ocorrendo sem reclamações notáveis da indústria, em parte porque autoridades como a chanceler alemã, Angela Merkel, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, deixaram claro que querem eliminar gradualmente o uso de carvão na próxima década para reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. As empresas são favoráveis ao mercado de carbono porque este oferece mais flexibilidade para cumprir regras de emissões mais rígidas do que a regulação ou os impostos. A alternativa para um mercado poderia ser muito pior para a indústria.
Este é também um bom sinal para a iniciativa global de frear as mudanças climáticas, porque mostra que mecanismos de mercado e políticas de governo são capazes de convencer a indústria a se afastar dos combustíveis fósseis sem gerar turbulências na economia como um todo. O mercado de carbono da Europa é o maior entre mais de 45 sistemas em funcionamento em todo o mundo e também um modelo testado por todas as partes, em lugares como China, México e certas regiões dos EUA.
“Somos muito favoráveis ao Sistema Europeu de Comércio de Emissões”, disse Klaus Schaefer, CEO da geradora de energia alemã Uniper. “Para entregar as reduções de CO2 com as quais todos concordamos na Europa, é necessário aplicar preços mais altos.”
O comércio de carbono não foi um sucesso imediato. As licenças europeias subiram para mais de 29 euros por tonelada em 2006 e 2008, mas despencaram mais de 90 por cento quando a crise financeira afetou a indústria e ajudou a criar uma abundância de direitos de poluição. Tardou anos para que as autoridades drenassem esse excedente, esforço que culminou com um acordo que obteve aprovação final apenas no mês passado.
Concessionárias de energia como a Uniper sentirão o peso do impacto dos preços mais elevados do carbono — os governos suspenderam a oferta de licenças gratuitas para a maioria das geradoras de energia e distribuiu alocações para setores como o de siderurgia. As licenças de emissão da UE são a commodity energética de melhor desempenho deste ano, segundo relatório da Bloomberg New Energy Finance. Elas subiram 57 por cento, chegando a 13,04 euros por cada tonelada emitida, em 22 de março, na bolsa ICE Futures Europe.
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