Por Daniela Milanese e Julia Leite.
O candidato Jair Bolsonaro, do PSL, possui eleitorado firme e tem grande possibilidade de chegar ao segundo turno das eleições presidenciais, diz Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo. Já a definição da outra vaga na fase final da disputa ainda não está clara.
“Quem vota em Bolsonaro bate no peito com orgulho, não tem voto escondido”, afirma. Até agora, o ex-capitão do Exército tem mais ganhado do que perdido votos com suas afirmações polêmicas sobre segurança pública, na defesa do armamento da população, e questões de gênero. Por outro lado, com a rejeição mais elevada entre os presidenciáveis, de 37%, agora tem espaço limitado para mais crescimento e se aproxima do teto.
Na pesquisa Ibope mais recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece com 37% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro (18%), Marina Silva (6%), Ciro Gomes (5%) e Geraldo Alckmin (5%).
Como Lula está preso após condenação em segunda instância e deve ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, Fernando Haddad, provável candidato do PT, deve conseguir ao menos 10% dos votos herdados do ex-presidente quando for oficializado, avalia Cavallari.
Isso porque a pesquisa Ibope também mostra que, entre os eleitores de Lula, 28% votariam em Haddad com certeza. O potencial cresce se considerado que outros 22% também poderiam votar no ex-prefeito de São Paulo. Dessa forma, ele entraria na disputa por uma vaga no segundo turno juntamente com Alckmin, Marina e Ciro.
Para a CEO do Ibope, na hipótese de o candidato do PT chegar ao segundo turno, a incógnita seria medir o impacto dos 16 anos de governo do partido sobre a decisão do eleitor. Pode prevalecer o efeito dos escândalos de corrupção e da crise econômica do governo Dilma Rousseff ou a lembrança do aumento da renda e acesso ao consumo promovida nos anos de Lula.
A candidata da Rede Sustentabilidade, que aparece atrás de Bolsonaro na pesquisa, possui estrutura de campanha inferior na comparação com a eleição passada, quando Marina chegou a despontar como uma das favoritas logo após a morte de Eduardo Campos (PSB), em 2014. Ao fechar coligação apenas com o Partido Verde, tem menos tempo de TV.
É um voto, entretanto, que “não compromete ninguém” em meio à polarização vista hoje no país entre esquerda e direita, diz Cavallari. “Vai depender da coerência da campanha e da sua capacidade de passar firmeza maior, que é o que o eleitor busca.”
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