Por Davison Santana.
O ganho de 25% do real ante o dólar desde 1º de janeiro a 18 de outubro se deu principalmente devido a um declínio nas apostas dos pessimistas contra uma das moedas de pior performance no ano passado. Será preciso um influxo de dólar na balança comercial e nos investimentos para manter o real em um caminho de fortalecimento.
O Brasil sofreu uma saída cambial líquida de US$ 15,2 bilhões no mercado spot no período de 1º de janeiro a 7 de outubro, de acordo com os dados mais recentes do Banco Central.
A moeda marcou um rali à medida que os investidores que apostavam que a então presidente Dilma Rousseff sofreria um impeachment reduziram as posições compradas em dólar, o que tem um impacto equivalente no mercado cambial a venda de dólares.
Essa tendência parece ter sido interrompida.
As posições compradas em dólar dos bancos locais reagiram para US$ 26,9 bilhões em 14 de outubro, de uma mínima em mais de dois anos de US$ 23,6 bilhões em 16 de setembro. As apostas internacionais contra o real aumentaram para US$ 10,3 bilhões em 14 de outubro, de US$ 7,6 bilhões no fim de setembro.
Desde meados de agosto, quando se tornou claro que Dilma seria substituída pelo presidente Michel Temer, o real caiu apenas 0,03%.
Se não houver uma reanimada na confiança empresarial que fortaleça o investimento estrangeiro, o real provavelmente continuará a ser negociado no intervalo de R$ 3,18 a R$ 3,31 por dólar, nível que tem estado na segunda metade desse ano.
Analistas pesquisados pela Bloomberg esperam que a moeda enfraqueça para R$ 3,30 por dólar até o fim do ano, de R$ 3,19 por dólar em 18 de outubro. Eles esperam que a moeda caia para R$ 3,40 no terceiro trimestre de 2017.
Mas a moeda se fortaleceria para além de sua máxima no ano de R$ 3,11 se o plano econômico do presidente Michel Temer tiver sucesso. A aprovação do teto dos gastos em uma segunda rodada de votação na Câmara, no fim de outubro, acoplado ao início de um ciclo de alívio nesse ano podem ser os passos necessários para atrair investimento estrangeiro direto. Analistas esperam que o banco central corte a taxa de juros de referência na reunião de 19 de outubro, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg.
NOTA: Davison Santana é um estrategista de câmbio que escreve para a Bloomberg. As observações que ele faz são próprias e não têm intenção de servir como conselho de investimento