Por Leonardo Lara.
Brasil é hoje um dos cinco mercados prioritários da Peugeot na região fora da Europa, disse Jean-Philippe Imparato, presidente mundial da marca, sem mencionar quais são os outros 4 países prioritários. Imparato está em visita ao país e se reuniu com jornalistas nesta quarta-feira em São Paulo.
A Peugeot quer elevar a participação dos mercados de fora da Europa em seu mix de vendas para mais de 50% em 2020, disse ele, explicando que em 2015 esses mercados responderam por 38% e em 2016, por 42%.
Sem detalhar números para América Latina ou Brasil, Imparato disse que a Peugeot caminha para bater seu recorde histórico de vendas em 2017, superando 2,2 milhões de unidades globalmente. O recorde anterior era de 2010, com 2,13 milhões de veículos vendidos, segundo o executivo.
Dados divulgados pela Anfavea nesta quinta-feira mostram que a marca francesa fechou setembro com 2.261 carros de passeio vendidos, uma queda de 14% em relação a agosto e um crescimento de 26,2% na comparação com o mesmo mês de 2016.
“Não tenho nenhuma pressão por participação de mercado”, disse Imparato. “A pressão é pela coerência e ambição dentro dos pilares definidos, que são a excelência ao cliente no pós-venda e proteção do valor residual”, disse, acrescentando que “em todos os países eu devo proteger o valor residual dos nossos carros”.
Maiores mercados da Peugeot em termos de vendas atualmente são Irã, França e China, disse ele, acrescentando que sua estratégia é abrir o maior numero de países possível para que a marca francesa retorne a mercados perdidos nos últimos anos. “A Peugeot esqueceu sua história durante algum período e perdeu mercados”.
Experiência no Brasil
“No Brasil ou você sofre muito, ou sofre muito, muito, muito”, disse o executivo franco-italiano, referindo à situação atual da economia e os reflexos no setor automotivo. “Vocês são um país com uma capacidade de adaptação extraordinária, que guarda uma alegria, são sempre alegres mesmo quando estão tristes, e têm muita capacidade de reagir. Um país assim, mesmo que conjunturalmente tenha problemas, no longo prazo, será vencedor, não tenho dúvida alguma”.
“Estruturalmente, o Brasil é um país extraordinário, por isso aposto no país”, disse Imparato, que está no cargo desde setembro de 2016. “O Brasil é um país extraordinário, um país com riquezas. Como em muitos países do mundo, os clientes brasileiros querem produtos melhores, bonitos. E essas pessoas estão prontas a pagar por isso”.
Uma das estratégias citadas por ele para a marca é a de convergir e unificar as gamas de veículos de passeio e comerciais leves vendidos no Brasil em relação aos produtos europeus. “O fundo é que não existe razão para que tenhamos uma gama diferente do restante mundo. Tendo mercado no Brasil, não tem sentido termos um carro que seja diferente dos veículos europeus”.
“A convergência tem de ser feita de uma maneira limpa e coordenada para possamos dar sustentabilidade aos nossos negócios no Brasil”, disse ele, acrescentando que o “objetivo é muito simples, não há pequeno país, não há pequena região, não há pequeno cliente. Todo esse negócio é a convergência num plano de cinco anos”. “Em alguns meses teremos uma gama completa de utilitários modernos europeus” no Brasil.
Ana Theresa Borsari, vice-presidente do Grupo PSA para América Latina e diretora-geral da marca Peugeot do Brasil, disse no mesmo encontro com jornalistas que a marca vive um momento histórico no país e que espera uma retomada lenta do mercado.
“Primeiro indicadores econômicos começam a ser favoráveis, o que nos leva a acreditar numa retomada, mas desta vez, diferentemente das demais crises, uma retomada muito mais lenta do mercado, principalmente se olhando o canal de pessoa física, que é o que nos interessa”, disse Borsari.
Política industrial e Mercosul
Sobre nova política industrial do setor automotivo brasileiro, que deve entrar em vigor em janeiro de 2018, Imparato disse que “um grão de liberalização do mercado faria bem ao país”.
Em termos de Mercosul, Imparato disse que o problema que se tem nos países do bloco é que a integração aduaneira não é muito evidente, “e além disso as taxas de câmbio são muito voláteis, por isso a necessidade de repartir escolhas” entre Brasil, Argentina e Uruguai, locais com plantas fabris da marca na região.
Opel e entrada nos EUA
Imparato disse aos jornalistas que a marca Peugeot “ganha dinheiro” e que o grupo PSA é rentável ao justificar a recente aquisição das marcas europeiasOpel e Vauxhall, que eram da GM. “No nosso grupo, agora são 5 marcas, Peugeot, Citroen, DS, Opel, Vauxhall. E a Free2Move é a sexta marca do grupo que engloba todas as soluções de mobilidade em nível mundial, que começou suas atividades nos EUA há alguns meses, porque dissemos que um dia retornaríamos aos EUA e vamos começar através desse provedor de serviços de mobilidade para reaprender esse mercado”.
Em termos de América Latina, o grupo PSA é rentável na região, disse Ana Theresa Borsari. “Temos uma situação saudável do grupo na American Latina. Em 2016, batemos o recorde de rentabilidade na região”.
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