Por Bryce Baschuk.
A China enfrentou o mais recente bombardeio de restrições tarifárias do presidente americano, Donald Trump, avisando que não vai recuar na guerra comercial iniciada unilateralmente pelos EUA.
A China “nunca cede a ameaça ou chantagem”, declarou o vice-ministro do Comércio, Wang Shouwen, em comentário enviado à Bloomberg nesta quarta-feira. “O lado dos EUA ignorou o progresso, adotou medidas unilaterais e protecionistas e começou a guerra comercial.”
A reação de Wang chegou poucas horas após uma agência do governo americano iniciar o processo previsto na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 para reagir às “políticas industriais lesivas da China” com tarifas de 10 por cento sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses.
É um agravamento dramático na tensão global que provocou quedas nas bolsas globais. As tarifas, que devem entrar em vigor já no quarto trimestre, se somam à taxação de 25 por cento que Trump impôs sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses a partir de 6 de julho.
Negociações paralisadas
Wang acusou representantes do governo Trump de não negociar de boa fé e agravar a disputa de modo unilateral.
“A China fez grandes esforços e demonstrou máxima sinceridade para estabilizar as relações comerciais com os EUA”, afirmou Wang. “Lamentavelmente, o lado dos EUA não honrou suas palavras, fazendo mudanças o tempo todo.”
Não se tem notícia de conversas entre o alto escalão das duas maiores economias do mundo desde a visita infrutífera do secretário de Comércio, Wilbur Ross, a Pequim no início de junho.
“O comportamento dos EUA é típico do ‘valentão do comércio’, impondo ameaça grave à cadeia global de valor”, afirmou Wang. “Isso vai prejudicar a recuperação da economia global, lesando diversos negócios e pessoas comuns ao redor do mundo. Isso vai prejudicar os interesses de empresas, funcionários e consumidores na China e nos EUA.”
‘Completamente infundadas’
Segundo Wang, a China não hesitará em retaliar as 301 tarifas “completamente infundadas” do governo Trump. Ele defendeu a resposta de Pequim à última rodada de tarifas americanas, argumentando que as medidas são “totalmente baseadas em legislação doméstica sólida e regras internacionais”.
Representantes da Organização Mundial do Comércio em Genebra temem que, se EUA e China entrarem em uma guerra comercial de medidas recíprocas usando leis domésticas em vez dos processos da OMC para solução de disputas, sua capacidade de arbitrar conflitos comerciais será reduzida.
“É hora de qualquer um que se importa com a saúde da economia se levantar e prestar atenção”, afirmou o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, no Twitter em 5 de julho.
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