Por Tim Ross.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, diz ter recebido garantias em caráter privado do governo britânico de que os cidadãos da União Europeia que vivem na capital não serão obrigados a deixar o Reino Unido.
A equipe da primeira-ministra Theresa May disse a Khan que seria “inconcebível” exigir que europeus se mudem após a saída do Reino Unido do bloco de 28 países, ele afirmou em entrevista a Francine Lacqua, da Bloomberg Television, em Londres. Cerca de 1 milhão de cidadãos da UE vivem em Londres, cidade de 8,6 milhões de habitantes, de acordo com dados da prefeitura.
“A ideia que pessoas possam ser usadas como peça de barganha é ofensiva”, disse Khan. “Não tenho nenhuma dúvida, e ouvi isso de integrantes do governo: é inconcebível — esta é a palavra usada, ‘inconcebível’ – que alguém seja forçado a sair de Londres e esta certeza é crucial.”
O destino dos cidadãos da UE que moram no Reino Unido e dos cidadãos britânicos que moram em outras partes da Europa é uma das questões mais sensíveis para o governo de May na elaboração da estratégia para negociação do Brexit. Em público, Theresa May declarou apenas que espera chegar a um acordo que proteja expatriados europeus e britânicos. Essa posição decepcionou alguns no próprio partido dela.
Os comentários de Khan sugerem que a equipe da primeira-ministra não tem intenção de cumprir a promessa implícita de coagir cidadãos da UE a sair do Reino Unido.
Você é bem-vindo
“Estou lhe dizendo, se você for um londrino originário da União Europeia, você é bem-vindo aqui e sempre será bem-vindo aqui”, ele disse.
A questão delicada foi discutida entre May e sua contraparte polonesa em Londres na segunda-feira. Em entrevista coletiva após a cúpula, a primeira-ministra Beata Szydlo e Theresa May expressaram esperança de que conseguirão chegar a um acordo antecipado sobre direitos de residência.
Durante a entrevista à Bloomberg Television, Khan alertou que empresas poderiam deixar Londres em favor de Nova York, Cingapura e Hong Kong se o Brexit for severo. Ele indicou apoio a Mark Carney, comandante do Banco da Inglaterra, que, segundo fontes, defende um período de transição de dois anos para negócios, sob o qual o Reino Unido permaneceria dentro do mercado comum da UE após o Brexit.
“O que Mark Carney vem articulando é uma frustração que, se o governo quiser sair rapidamente, precisa haver alguma transição porque não podemos simplesmente cair de um precipício”, disse Khan. A “boa notícia” é que May, o ministro das Finanças, Philip Hammond, o ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson, o secretário para o Brexit, David Davis, e outras autoridades do primeiro escalão disseram que “entendem a importância de Londres”, relatou Khan.
Ele pede que os ministros defendam o acesso ao mercado comum e que aliviem as incertezas de curto prazo em relação ao Brexit, afirmando que isso está dificultando a tomada de decisões de investimento pelas empresas.
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.