Por Megan Durisin e Jeff Wilson.
Apesar da produtividade dos agricultores de soja dos EUA – que colherão uma safra que pode ser a maior da história mundial após plantações recorde -, esta temporada está começando a ficar um pouco decepcionante.
Em um momento em que os preços estão fracos e em que os estoques globais nunca estiveram tão altos, os rendimentos dos EUA estão sendo prejudicados pelo clima ruim, o que reduz a renda por hectare. Basta perguntar a Brent Judisch, no nordeste de Iowa. Sua plantação de soja está “fechando” mais cedo por causa da seca desde o final de agosto, disse o agricultor de 53 anos, que cultiva cerca de 728 hectares com a esposa perto de Cedar Falls.
“Os grãos estão sofrendo”, disse Judisch, que projeta que seus rendimentos cairão entre 10 por cento e 15 por cento em relação ao recorde do ano passado, de cerca de 165 bushels por hectare. “Tem alguns grãos que teriam enchido com mais uma ou duas chuvas, mas eles vão murchar.”
Embora a produção de soja nos EUA – o maior produtor do mundo – ainda possa atingir um recorde histórico, o clima desfavorável no Centro-Oeste do país poucas semanas antes da colheita significa que ela não será tão grande quanto se projetava, segundo a média de estimativas de analistas em uma pesquisa da Bloomberg.
Em 12 de setembro, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) provavelmente estimará os rendimentos da soja em 120,3 bushels por hectare, mostrou a pesquisa com 32 analistas, frente a 122 bushels por hectare um mês atrás e o recorde histórico de 128,7 em 2016. A projeção para o milho, a maior safra dos EUA, poderia baixar em relação ao mês passado para 414,8 bushels por hectare, frente ao recorde de 431,4 no ano passado, segundo os analistas.
Perspectiva de preço
É possível que essas alterações não bastem para reanimar os preços da soja ou do milho, em parte porque ambos têm excedentes globais enormes. Antes da safra deste ano, os estoques mundiais de milho atingirão o recorde de 227,9 milhões de toneladas e os de soja serão de 96,7 milhões de toneladas, os maiores da história, segundo a pesquisa da Bloomberg.
O Brasil, o principal exportador mundial de soja, colheu uma safra recorde neste ano, portanto a produção dos EUA aumentará a abundância. A produção global de milho provavelmente cairá neste ano, mas antes desta temporada os estoques mundiais tinham crescido durante seis temporadas consecutivas, mostram dados do USDA.
Agricultores americanos enfrentaram desafios climáticos durante toda a temporada. Depois do excesso de umidade que adiou a semeadura no segundo trimestre, uma seca atingiu em partes do Oeste e da região central do Centro-Oeste do país, e cerca de 10 por cento do milho e da soja dos EUA ainda estão em áreas afetadas pela seca. Em agosto, as temperaturas foram mais baixas que o normal, e a safra de milho está amadurecendo a um ritmo mais lento que o habitual, mostram dados do governo.
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