Por George Lei.
A aposta dos traders de swaps de que o Banco Central colombiano vai ter espaço para mudar de rumo e começar a reduzir taxas de juros no início do próximo ano pode ser muito otimista. O fim do ciclo de aperto não está em vista, após a taxa de inflação ter se aproximado de 8% em março, bem acima das estimativas.
“Nós não temos espaço para cortar os juros”, disse o ministro das Finanças Mauricio Cardenas, em 14 de abril. “As taxas de juros estão subindo”.
As taxas de swap estão precificando em cerca de três altas de 25 pontos para taxas de juros ao longo dos próximos seis meses, seguido por um corte de 90 pontos base nos próximos seis meses. Isso traria custos de empréstimos para aproximadamente o mesmo nível de 6,5% em que estão agora. É também o mesmo nível que o traders esperavam em janeiro, antes da deterioração das perspectivas de inflação.
As expectativas para aumentos de preços do consumidor permanecem no nível mais alto desde 2010, quando o Banco Central adotou como alvo de 2 a 4%, destacando a árdua batalha que os formuladores de políticas enfrentam. A perspectiva do IPC de 12 meses também persiste acima de 4%, de acordo com pesquisas mensais do BC.
Comunicações recentes dos oficiais apontam para uma alta probabilidade de subida de taxas estendidas a um ritmo de 25 pontos-base por reunião, o que significa que a taxa de juros iria chegar a 7% em maio, a maior em 7 anos e sem fim à vista.
As taxas de juros real ex-post da Colômbia, baseada em título e núcleo IPC, estão no índice mais baixo em mais de uma década. Apesar do aumento de 200 pontos base desde setembro do ano passado, as taxas reais descontadas pela IPC estão deslizando ainda mais fundo no negativo.
O núcleo da inflação tem sido uma grande preocupação para as autoridades monetárias conforme a pressão de preços parece ser mais generalizada, indo além de alimentos e outros bens comercializáveis, que estão surgindo devido a padrões climáticos como o El Niño e um peso mais fraco.
Os preços dos bens comercializáveis, serviços e itens definidos pelo governo atingiram o nível mais elevado desde 2010 e estão todos acima do limite superior de 4% do alvo. O diretor do Banco Central, Gustavo Cano, disse após a surpresa do IPC de março que a política é “claramente expansiva”.
Minutas da reunião do mês passado revelaram que alguns membros estavam defendendo um aumento de 50 pontos base. Os membros “principais” rejeitaram um ritmo mais rápido de aumento, argumentando que a política monetária deve ajudar a manter a taxa sustentável de crescimento no presente. O Governador José Uribe sustém isso, dizendo que a inflação deverá cair acentuadamente no quarto trimestre.
A previsão do Banco Central de que a pressão da inflação seria temporária não tem se mostrado verdadeira. A inflação está mostrando-se bastante persistente e ainda é muito cedo para esperar um fim do ciclo de aumentos na Colômbia, e é ainda mais difícil antecipar quando o BC vai ter espaço para cortar os juros novamente.