Por George Lei.
O presidente do Banco Central do México alertou que Donald Trump poderia ser o equivalente a um “filme de terror” para o país. Analistas dizem que a economia mexicana vive um pesadelo mesmo se o presidente eleito não construir o muro ou interferir no NAFTA.
Claramente, a capacidade de Trump de alterar as relações entre os dois países terá um papel fundamental no desempenho da economia do México em 2017; na terça-feira, Trump disse que a General Motors pode ter de pagar uma pesada tarifa para exportar carros fabricados no mercado mexicano. Mas o país enfrentava problemas mesmo antes da vitória de Trump, já que desafios como uma moeda fraca e uma inflação em alta parecem confirmar o terceiro ano de desaceleração econômica.
Economistas projetam que o produto interno bruto mostrará expansão de 1,7 por cento este ano, de acordo com os levantamentos mais recentes do Banco do México e Citi/Banamex, diante do possível impacto dos juros altos sobre os empréstimos e gastos. Seria o menor crescimento desde a taxa de 1,4 por cento de 2013.
“Será um ano muito difícil para os legisladores”, disse Benito Berber, economista sênior para a América Latina da Nomura Holdings, em Nova York. “O banco central terá de navegar entre vários tipos de choque, externos e internos.”
Embora as projeções sejam mais pessimistas no Credit Suisse Group e no Bank of America — onde economistas antecipam a menor expansão desde o ápice da crise financeira —, qualquer ameaça ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte, que entrou em vigor em 1o de janeiro de 1994, faria com que essas estimativas se tornassem otimistas. O México envia mais de 75 por cento de suas exportações para os EUA e obteve um superávit comercial de US$ 60 bilhões em 2015, que respondeu por mais de 5 por cento do PIB.
Na terça-feira, Trump criticou uma empresa americana com fábrica no México. “A General Motors está enviando o modelo Chevy Cruze feito no México para concessionárias nos EUA isento de impostos pela fronteira”, Trump disse em uma mensagem no Twitter. “Fabrique nos EUA ou pague um alto imposto alfandegário!”.
Talvez a última coisa que um país com crescimento anêmico precise seja de juros altos, mas o banco central pode não conseguir evitar o aperto da política monetária. A inflação deve ficar bem acima de 4 por cento, o topo da meta fixada pela instituição ao longo de 2017, segundo projeções do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, Grupo Financiero Banorte e JPMorgan Chase & Co., diante dos planos do governo de aumentar o preço da gasolina em até 20 por cento em janeiro.
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