Por Srinivasan Sivabalan.
Um dia depois que a queda de preço das ações desencadeou circuit breakers na bolsa, os investidores já estão olhando além da crise política e retornando para a maior economia da América Latina.
O fundo negociado em bolsa (ETF) Lyxor Brazil, que segue o Ibovespa, registra sua maior alta desde 3 de janeiro em Paris. O iShares MSCI Brazil Capped ETF, que é negociado nos EUA com ativos de quase US$ 5 bilhões, recebeu na quinta-feira seus primeiros depósitos desde 3 de abril, segundo dados compilados pela Bloomberg. Gestores de ativos, como Morgan Stanley e BNP Paribas, afirmaram que a queda do mercado não muda sua visão otimista sobre o país.
Os investidores apostam que a queda dos ativos brasileiros na quinta-feira e o risco de crise constitucional foram exagerados, de acordo com William Jackson, economista de mercados emergentes da Capital Economics.
“As pessoas acham que talvez seja prematuro abandonar o Brasil”, disse Jackson, em uma entrevista por telefone, de Londres. “Embora os acontecimentos de ontem tenham sido chocantes, também se pensa que talvez eles não tenham um impacto grande nem na perspectiva econômica nem na agenda de reformas.”
O Morgan Stanley afirmou que continua “construtivo” em relação ao Brasil devido à melhoria das contas externas do País e à capacidade do Banco Central de minimizar movimentos desordenados. Talvez a volatilidade persista nos mercados, mas qualquer queda do real seria insustentável, de acordo com analistas como Gordian Kemen e Dara Blume.
Os “rumores políticos” em torno do presidente Michel Temer não modificariam a visão que o BNP Paribas Investment Partners tem sobre o Brasil. Mesmo que ele seja substituído, o poder seria transferido de forma ordeira, de acordo com Jean-Charles Sambor, vice-diretor de renda fixa de mercados emergentes em Londres.
Mercado em crise
As negociações na bolsa foram interrompidas brevemente na quinta-feira, quando o Ibovespa registrou a maior queda desde 2008 e o real sofreu o maior declínio desde 1999, mesmo depois da intervenção do Banco Central para dar apoio à moeda. O prêmio que os investidores exigem para manter os títulos soberanos do País em vez de títulos do Tesouro dos EUA deu o maior salto desde junho de 2013.
Antes do último tumulto político, o Brasil vinha tendo um desempenho de destaque nos mercados emergentes desde janeiro de 2016. A bolsa deu aos investidores os melhores retornos em dólar no ano passado e havia registrado ganhos de 17 por cento antes da crise.
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