Por Rachel Evans e Lananh Nguyen.
Os operadores de câmbio estão dando luz verde para que o Federal Reserve realize o primeiro aumento da taxa de juros dos EUA em quase uma década.
Após um ano de surpresas em que a volatilidade da taxa de câmbio atingiu seu nível mais alto desde 2013, os indicadores das futuras oscilações de preço caíram novamente para abaixo da média de 10 anos, um sinal de que o mercado está otimista em relação a uma política mais restrita do banco central. Ao longo da semana passada, o euro flutuou dentro da faixa mais apertada em relação ao dólar em mais de três meses.
Isso está respaldando os numerosos pronunciamentos da presidente do Fed, Janet Yellen, de que pode ser apropriado elevar as taxas de próximo de zero em dezembro. A estabilidade que permeia os mercados de câmbio nas últimas semanas contrasta com a turbulência decorrente do choque da desvalorização cambial da China em agosto, que ajudou a impedir uma mudança na taxa do Fed em setembro.
“O mercado fez um trabalho muito bom de antecipação das movimentações de preço”, disse Brendan Murphy, gestor de recursos sênior em Boston da Standish Mellon Asset Management, que supervisiona US$ 19 bilhões em ativos de renda fixa e gerencia riscos cambiais globais. “Uma boa parte do movimento do dólar já está sendo considerada”.
O dólar vai lutar para superar suas altas no ano até o momento em relação ao euro ou ao iene, disse Murphy. A moeda chegou a US$ 1,0458 por euro em março e a 125,86 ienes em junho.
Retorno da calma
A calma retornou aos mercados de câmbio depois que o dólar ganhou força no final de outubro e que os investidores retomaram os negócios baseados em juros mais elevados nos EUA.
O indicador do JPMorgan Chase para a volatilidade cambial global subiu cerca de 0,5 ponto porcentual no mês passado, menos do que depois que o Banco Nacional Suíço removeu o piso do franco em janeiro, que o Banco Central Europeu iniciou a flexibilização quantitativa em março e que a China desvalorizou o yuan em agosto.
O euro oscilou de US$ 1,0675 a US$ 1,0830 na semana passada, sua faixa semanal mais estreita desde agosto. A moeda compartilhada estava em US$ 1,0666 às 7h41 em Nova York.
Os contratos futuros mostram uma chance de 66 por cento de o Comitê Federal de Mercado Aberto anunciar um aumento nos juros em 16 de dezembro, na conclusão de sua reunião, contra uma probabilidade de 50 por cento registrada no fim de outubro. O cálculo é baseado na presunção de que a taxa efetiva ficará em uma média de 0,375 por cento após o primeiro aumento.
‘Possibilidade viva’
Yellen disse ao Congresso neste mês que dezembro continua tendo uma “possibilidade viva” de taxas mais elevadas.
“O início é antecipado há muito tempo”, disse Ajay Rajadhyaksha, chefe de pesquisa macro do Barclays, em entrevista coletiva em Nova York no dia 12 de novembro. “Isso não é terrivelmente relevante. O que realmente importa, de longe, são as mensagens em torno desse aumento”.
Os mercados emergentes também poderão tornar a volatilidade cambial mais elevada à medida que os bancos centrais responderem à repatriação de capital para os EUA e à desaceleração do crescimento na China.
Cerca de 36 por cento dos investidores consultados pelo Barclays no fim de outubro listaram o resfriamento econômico na China e em outros países em desenvolvimento como sua maior preocupação nos próximos 12 meses e apenas 7 por cento identificaram os aumentos dos juros nos EUA como o principal risco. Os investidores estão a caminho de tirar US$ 540 bilhões dos países em desenvolvimento neste ano, primeira saída de recursos líquida desde 1988, disse o Instituto para Finanças Internacionais em outubro.
“Os EUA nunca foram o começo e o fim do ciclo atual; o ciclo atual é um ciclo dos mercados emergentes, é um ciclo das commodities, é um ciclo da China”, disse Andrew Milligan, chefe de estratégia global da Standard Life Investments em Edimburgo, que gerencia cerca de US$ 393 bilhões. “Podemos ver situações nas quais os mercados emergentes simplesmente terão um 2016 bastante difícil”.
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