Por Taís Fuoco e Erick Costa.
A propalada recuperação na economia ainda não chegou ao bolso dos investidores em renda variável. Grandes pagadoras de dividendos do passado ainda não voltaram, e o volume anunciado até agora é minguado quando comparado mesmo a 2016, que não foi um grande ano em termos de desempenho da economia.
“Há uma recuperação nos lucros, mas ainda não muito robusta”, diz Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, em entrevista. Nos últimos 12 meses, grande parte das empresas ainda tinha despesa financeira relativamente grande e estava usando uma parcela de sua geração de caixa para diminuir o nível de alavancagem, disse Pereira. “Elas tiveram de escolher, e prevaleceu a desalavancagem”.
“Com menos endividamento, as empresas conseguem reduzir as despesas financeiras e tudo isso impulsiona o lucro”, o que pode garantir um cenário mais animador em 2018, disse ele. Com perspectiva mais interessante para o lucro, em outro momento as empresas poderão criar mais valor aos acionistas, segundo Pereira.
A visão é compartilhada pelo IHS Markit, que previu em 4 de dezembro que os dividendos das cias. do Ibovespa subam 33% em 2018.
Pereira aponta, no entanto, fatores como cenário eleitoral, desconfiança e recuperação lenta da economia como os que podem limitar a conclusão rápida de que 2018 será um ano melhor para a distribuição de dividendos.
“Mesmo com a retomada gradual da economia, ainda não vemos valores expressivos na melhora dos resultados das empresas”, disse Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos. Com a retomada da economia e perspectiva de melhores resultados no próximo ano com a elevação do PIB, há a expectativa de que as empresas possam começar a distribuir mais proventos, disse o analista da Rico.
Um dos exemplos citados foi o Itaú, que disse em setembro que o atual percentual de distribuição de dividendos do banco, de 35%, será uma espécie de piso que a instituição tentará manter. Com isso, percentual de dividendos tende a aumentar se banco mantiver rentabilidade elevada. Outra cia. relevante que poderá voltar a distribuir proventos é a Petrobras, que não o faz há alguns anos, segundo Indech.
“Setor de transmissão é ótimo pagador de dividendos; Braskem também pode melhorar bastante porque tem geração de caixa saudável, boas perspectivas com a retomada do mercado interno”, disse Pereira, da Guide. Minerva disse estudar dobrar dividendo com alavancagem abaixo de 2 vezes e Braskem anunciou recentemente que pagará dividendos antecipados de R$ 1 bi em 12 de dezembro.
NOTA: Volume de dividendos anunciados foi calculado multiplicando o valor do dividendo por ação pela quantidade de ações emitidas. Nem todas as ações recebem dividendos.
NOTA: Gráfico tem por base a data “ex” dos dividendos. Destaque de 2016 foi Ambev, em dezembro, com anúncio de cerca de R$ 3 bi em dividendos, movimento que deve se repetir em dezembro deste ano
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