Por Joanna Ossinger.
Os que contam com o dólar fraco para impulsionar acordos de fusões e aquisições talvez tenham que mudar de ideia.
O dólar se desvalorizou nas últimas semanas, atingindo o nível mais baixo desde setembro de 2018 em meio aos juros perto de zero nos Estados Unidos, enormes programas de estímulo monetário e fiscal e às dificuldades do governo americano para combater a Covid-19.
“A depreciação do dólar geralmente coincide com a atividade de fusões e aquisições transfronteiriça em declínio e vice-versa”, escreveram estrategistas do Goldman Sachs, liderados por Lotfi Karoui. “Embora a correlação seja apenas modestamente positiva, é um pouco contraintuitiva”, disseram em relatório na quarta-feira.
Investidores costumam acreditar que um dólar mais fraco pode impulsionar a atividade de fusões e aquisições, já que empresas americanas parecem mais baratas para potenciais compradores estrangeiros, disseram os estrategistas. Mas a análise do Goldman dos acordos entre EUA e Europa mostra o oposto. O motivo: um dólar forte normalmente reflete forte crescimento nos EUA em relação à Europa, o que por sua vez aumenta o interesse de compradores estratégicos.
Outras conclusões do relatório da Goldman indicam que a demanda externa por títulos corporativos dos EUA deve permanecer sólida até o fim do ano. Os custos de financiamento e de hedge caíram muito recentemente – e estão correlacionados negativamente com a demanda externa desde 2014.
Além disso, a relação entre o dólar e as compras externas líquidas de títulos corporativos é praticamente inexistente.