Por Suzanne Woolley.
O próximo presidente dos EUA poderá escolher juízes da Suprema Corte, alterar a legislação tributária, virar de ponta-cabeça sua carteira de investimentos, dar uma reviravolta no sistema de saúde.
Um item desta lista não é verdadeiro. Você sabe qual?
Na verdade, se continuar o impasse no Congresso, a resposta pode ser nenhuma das alternativas. Mas o que temos em mente é a carteira de investimento.
O partido vencedor certamente não faz grande diferença para as taxas de retorno do mercado acionário no longo prazo. As variações de desempenho sob governos democratas ou republicanos, medidas pelo retorno anual médio em mais de 160 anos, são pequenas ao ponto de irrelevância, segundo o estrategista sênior de investimentos da Vanguard, Jonathan Lemco, que já foi professor de ciência política na Universidade Johns Hopkins.
Uma pesquisa recente apontou que a eleição está causando grande ansiedade entre os eleitores americanos. Mas olhando para o CBOE Volatility Index, conhecido como VIX, o nível de ansiedade no mercado é normal, disse Lemco. A volatilidade “não excedeu níveis normais para um ano de eleição presidencial e não há indicação de que se desviará dos padrões típicos após a eleição”, ele escreveu em relatório.
Isso não quer dizer que os altos e baixos de uma campanha eleitoral tumultuada não mexem com os mercados no curto prazo. Na sexta-feira, após o diretor do FBI, James Comey, anunciar que investigaria mais a fundo o uso de e-mails privados por Hillary Clinton quando ela era secretária de Estado, o S&P 500 desabou, mas se recuperou e fechou com queda de apenas 0,3 por cento. No longo prazo, não está claro no que vai dar a revisão pelo FBI ou como os mercados financeiros reagiriam a uma vitória inesperada de Donald Trump.
Contudo, historicamente, quem investe em ações pode contar com movimentos de alta que proporcionam alívio no ano após um novo presidente assumir o cargo. A bolsa sobe, na média, 6 por cento no primeiro ano de um novo mandato presidencial, de acordo com Stephen Suttmeier, analista de pesquisa técnica da BofA Merrill Lynch Global Research.
O mercado de títulos de dívida não é impactado pela eleição de um presidente democrata ou republicano, disse Lemco, com base em dados compilados desde 1972. É o Federal Reserve (banco central) o principal determinante do desempenho do mercado de renda fixa dos EUA e “nossa pesquisa mostra que o Fed foi ativo em diversos anos de eleição presidencial no passado recente, baixando e subindo juros. Assim, seu comportamento não se desvia muito daquele de outros anos.”
“No fim das contas, o presidente dos EUA não é um rei”, disse Lemco. “É preciso ter em mente como investidores que a eleição de um presidente é apenas um fator importante. Os outros, acima de tudo, são os múltiplos do mercado na época da eleição, seguidos de globalização, tecnologia, demografia. E então há todos os tipos de eventos externos que desempenham papel significativo.”
Por exemplo, o S&P 500 apresentou alguns de seus maiores ganhos durante a presidência do republicano Gerald Ford, mas principalmente porque a má fase da bolsa no início da década de 1970 terminou pouco depois de Ford assumir a Casa Branca, deixando as ações com múltiplos atraentes, segundo ele.
Lemco, que tem dupla cidadania (canadense e americana), disse que, do ponto de vista de ciência política, “a eleição é fascinante”, mas “causou angústia em todos nós”.
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