Por Vanessa Dezem.
A estatal Centrais Elétricas Brasileiras, envolvida na Operação Lava Jato, disse que suas ações negociadas nos EUA correm o risco de deixarem de ser listadas porque não conseguiu ainda um valor conclusivo para possíveis perdas com corrupção em obras de energia.
A Eletrobras, que já adiou três vezes o relatório anual de 2014 para a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), disse que ainda não sabe se cumprirá o próximo prazo para apresentação dos documentos, dia 18 de maio, segundo um comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM) na quarta-feira à noite. A investigação interna da empresa que analisa acusações de corrupção desvendadas na operação Lava Jato ainda não foram concluídas, disse a Eletrobras.
A KPMG se recusou diversas vezes a aprovar o relatório anual completo de 2014 enquanto a Eletrobras não detalhar quais foram os prejuízos sofridos depois que as construtoras de diversos projetos importantes admitiram que inflaram contratos e pagaram propinas, disse uma pessoa próxima ao assunto, no mês passado. A empresa preferiu não comentar sobre o relatório.
Há pouco mais de um ano a Petrobras informou que a corrupção custou US$ 2,1 bilhões quando a Lava Jato descobriu um esquema de propinas envolvendo as maiores construtoras do Brasil, lucrativos contratos de obras públicas e políticos. A Petrobras e a Eletrobras usaram muitas das mesmas construtoras, incluindo a Andrade Gutierrez. Executivos da empresa, em depoimento concedido em março, descreveram propinas em troca de contratos na usina nuclear de Angra 3 e na usina hidrelétrica de Belo Monte, da Eletrobras e sócios.
Para calcular os prejuízos, a Eletrobras contratou uma equipe liderada pelo escritório de advocacia britânico-americano Hogan Lovells e pelo escritório brasileiro WFaria Advogados. A Eletrobras disse em um comunicado, na noite de quarta-feira, em seu relatório financeiro brasileiro que teve um prejuízo de R$ 3,9 bilhões (US$ 1,1 bilhão) no primeiro trimestre após registrar uma provisão de R$ 2,9 bilhões para “contingências legais”.
A Eletrobras disse que está negociando com a SEC a apresentação dos comunicados de 2014 e de 2015 para evitar que seus ADRs sejam removidos da Bolsa de Valores de Nova York.
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