Por Fox Hu e Ken Wang.
Uma das apostas mais certeiras do mercado acionário chinês dá sinais preocupantes.
O entusiasmo com ofertas iniciais de ações (initial public offerings ou IPOs) — nas quais investidores disputavam a chance de multiplicar diversas vezes seu capital — vem esfriando. Empresas que abriram capital em Xangai e Shenzhen nos últimos meses foram forçadas a reduzir os preços de listagem e o retorno dos papéis recém-listados desabou. Este trimestre provavelmente será marcado pelas IPOs mais baratas na China desde meados de 2016, de acordo com documentos submetidos às autoridades locais e dados compilados pela Bloomberg.
“O sentimento fraco em relação ao mercado acionário e as taxas de retorno relativamente baixas diminuíram o entusiasmo do investidor por novas ofertas, forçando emissores a deixar um tanto de fora”, disse Li Longhai, analista da Dongguan Securities. “A especulação com novas ações recuou drasticamente, com os investidores ficando mais racionais e maduros.”
Na média, o preço das ações em IPOs saiu por 20 vezes o lucro em junho e 20,6 vezes em julho, comparado a um pico de 24,8 vezes em dezembro. Quase metade das operações saiu por menos de 20 vezes. É muito abaixo do múltiplo de quase 23 vezes da vasta maioria das ofertas dos últimos anos, dado que as autoridades colocaram um teto de múltiplo para a maioria das operações.
A desaceleração ficou mais notável no segundo trimestre, quando o Shanghai Composite registrou o pior retorno em dois anos e adentrou o chamado mercado predominantemente vendedor (bear market). O número de listagens caiu para 26 nos três meses até junho, 77 por cento menos do que um ano antes.
Embora a demanda ainda supere a oferta, os lances por ações em ofertas iniciais diminuíram. Para investidores individuais, isso significa que a chance de obter um pedacinho da operação melhorou para uma média de uma em 1.700 no segundo trimestre, comparado a uma em 3.500 um ano antes. Entre os investidores institucionais, o número de participantes diminuiu 30 por cento desde o início do ano, de acordo com pesquisa da China International Capital publicada em 22 de julho.
As taxas de retorno ainda impressionam, mas estão longe do que foram no passado. Ações de companhias que abriram o capital no último trimestre tiveram valorização média de 124 por cento no primeiro mês de negociação, comparado a 453 por cento dois anos atrás, de acordo com dados ponderados pelo tamanho das operações e compilados pela Bloomberg. As perdas também estão incomodando: ações de 19 empresas que abriram o capital no ano passado atualmente são negociadas abaixo do preço de colocação inicial, o maior número desde 2012.
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