Por Lu Wang.
Investidores em busca de dicas sobre a temporada de balanços do primeiro trimestre nos EUA estão recebendo pouca ajuda das empresas.
No último mês, somente 83 divulgaram qualquer sinalização sobre os lucros, a menor quantia para esta época do ano desde que a Bloomberg começou a compilar os dados, em 1999. O período silencioso surpreende pelo calendário. Bancos como JPMorgan Chase e Citigroup vão divulgar resultados na semana que vem.
O silêncio intensifica o ar de mistério nas bolsas dos EUA, que apresentam múltiplos elevados e volatilidade inexistente. Os preços das ações estão novamente restritos a um intervalo após a fase de quatro meses de ganhos que sucedeu a eleição de Donald Trump à presidência. A discrição das empresas entra em choque com o otimismo tagarela expressado nas teleconferências com analistas para discutir os resultados do quarto trimestre de 2016. Contudo, essa postura também pode evidenciar confiança.
“A regra geral é que as más notícias são anunciadas logo, não as boas”, disse Michael Shaoul, presidente da Marketfield Asset Management. “O mais óbvio é presumir que nada mudou significativamente e que a tendência é de melhora dos lucros.”
Ao mesmo tempo, a escassez de informações reflete a tendência de uma década de distanciamento das previsões, refletindo talvez as críticas a respeito do foco de curto prazo dos executivos. Mas a queda recente é a mais rápida em registro. O número de empresas que divulgaram projeções é 35 por cento menor do que no ano passado e muito abaixo da média de 150 apurada nesta época nos últimos cinco anos.
O silêncio coincide com um panorama de indecisão nos mercados. Após bater recorde em 1º de março, as oscilações do S&P 500 ficaram confinadas a um intervalo de 55 pontos, alternando entre ganhos e perdas toda semana. O índice apresentou a menor volatilidade concretizada em um início de ano desde 1965, segundo dados do Deutsche Bank.
De acordo com dados da Bloomberg, o número de empresas projetando lucros acima das estimativas dos analistas supera o número de companhias que preveem lucros abaixo das expectativas a uma razão de 2,1 para 1, a menor em seis anos às vésperas de uma temporada de balanços do primeiro trimestre.
Os analistas se mantêm otimistas, com previsões de crescimento de 9,7 por cento nos lucros das componentes do S&P 500 no primeiro trimestre e 12 por cento no ano inteiro. Já nos últimos dois anos, as estimativas de expansão dos lucros minguaram para zero com a aproximação da temporada de balanços.
Os investidores têm procurado um catalisador que impulsionará as bolsas para novos recordes, explicou Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos da CFRA, em Nova York. “Não surpreende que projeções acima do esperado para os lucros por ação possam ofereçam algum otimismo de curto prazo”, ele disse. “A manutenção de crescimento de dois dígitos em 2017 contribuiria muito para aumentar a confiança.”
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