Por Matt Townsend.
Como presidente eleito dos EUA, Donald Trump defende o empreendedorismo e os cortes de impostos para empresas. Ele também é contra o livre comércio e ataca grandes corporações.
É uma combinação que confunde presidentes de empresas que tentam desvendar se Trump na Casa Branca será benção ou castigo. Não é fácil planejar quando o próximo comandante do país é um sujeito que reage rapidamente no Twitter e promove medidas que podem ajudar e prejudicar as companhias americanas. Muitos contam que estão cautelosamente otimistas e um pouco nervosos.
“Tenho muita confiança com a entrada do novo governo”, disse Manny Chirico, presidente da gigante de vestuário PVH, em entrevista à Bloomberg Television. Em seguida, ele acrescentou que “é preciso se preocupar com a conversa e a retórica sobre comércio”.
O desafio é adivinhar o que Trump vai fazer quando assumir o cargo. Será que vai atacar a imigração e abalar o mercado de trabalho nos setores de restaurantes, varejo e construção? Elevar tarifas de importação e se retirar de acordos comerciais, o que prejudicaria inclusive pesos pesados como Apple e Nike? Propor cortes de impostos e flexibilização de regulamentos, que tendem a agradar as empresas?
“Acho que ninguém tem ideia do que esperar”, disse David Yermack, professor da Faculdade de Administração Stern, da Universidade de Nova York. “As companhias precisam calcular o que pode acontecer e quando, mas há enorme incerteza.”
A preparação para os quatro anos de Trump na presidência entra na estratégia de relações públicas e na avaliação de riscos de reputação. Na agência de relações públicas Weber Shandwick, Liz Cohen, diretora executiva responsável por comunicação financeira, está aconselhando clientes a executar análises de vulnerabilidade da mesma forma que fariam para lidar com investidores ativistas que levam seus comentários a público. “Claramente, neste ambiente é importante que as empresas olhem para as partes de seu negócio que podem ser criticadas.”
Volatilidade presidencial
Trump tem 17,3 milhões de seguidores no Twitter. Ele usa a mídia social para criticar corporações da mesma forma que criticou Hillary Clinton e seus rivais dentro do Partido Republicano. Assim, o presidente de uma empresa pode entrar no noticiário sem aviso prévio.
“Isso é um pouco estressante”, disse Gary Kelly, que comanda a Southwest Airlines. “Existe alguma volatilidade ali. Simplesmente não sabemos de onde virá a opressão.”
A Lockheed Martin foi alvo recente do presidente eleito. Ele afirmou no Twitter que os custos do avião de combate F-35 estavam fora de controle. A consequência imediata foi dolorosa: a ação caiu 2,5 por cento e quase US$ 2 bilhões em valor de mercado foram eliminados. Não só isso, a briga de Trump com a Lockheed provocou a queda de ações de outras fabricantes de equipamentos de defesa. Os papéis do setor vinham avançando com a expectativa de que o governo dele aumentaria os gastos da pasta, dado que, durante a campanha, Trump disse que queria aumentar o número de soldados, navios e caças.
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