Por Gerry Smith.
Para algumas emissoras de TV, a Era de Ouro da Televisão está perdendo o brilho.
MTV, A&E e WGN estão cancelando produções de ponta por não conseguirem atrair audiências grandes o bastante em um cenário cada vez mais disputado.
A decisão das emissoras de se retirarem do campo de séries roteirizadas sugere que outras emissoras e estúdios que produzem programas podem começar a ajustar suas contas. No ano passado, o setor produziu um recorde de programas originais roteirizados — um total de 455. John Landgraf, CEO da emissora FX, alertou para a abundância que classificou de “pico da TV”, argumentando que as emissoras e os serviços de streaming estão produzindo mais programas do que os espectadores são capazes de assistir.
“Aparentemente a era de pico da TV impulsionada pela explosão de programas originais na TV a cabo caminha para o fim”, disse Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson, no início do mês.
As emissoras de TV, quase todas de propriedade de empresas de entretenimento grandes e diversificadas, vêm injetando dinheiro em séries originais para competir com serviços de streaming de rápido crescimento, como Netflix e Amazon.com, que juntas investirão um total estimado de US$ 11 bilhões neste ano em programas de TV e filmes, incluindo os direitos dos programas que já foram transmitidos por outras fontes. Em muitos casos, as empresas controladoras das emissoras abastecem os serviços de vídeos por assinatura com novos programas e reprises.
Mas o turbilhão de novos programas transmitidos pelas emissoras de TV mostra sinais de desaceleração. Apesar de o número de séries ter aumentado novamente no ano passado, o crescimento se dá graças a Netflix, Amazon e Hulu. Todos os tipos de emissoras de TV tradicionais, seja por antena, cabo ou cabo premium, reduziram as produções originais em 2016.
As audiências televisivas estão em queda praticamente em todos os lados devido à aceleração do processo de cancelamento de serviços de televisão e porque as emissoras menos populares estão sendo deixadas de fora dos novos serviços de TV estilo cabo oferecidos por Dish Network, Hulu, YouTube e DirecTV.
As séries originais, em particular, têm tido dificuldades para se destacarem. No primeiro trimestre, a audiência dos dramas originais de TV caiu 15 por cento em relação ao ano anterior, disse Nathanson. Enquanto isso, os reality shows, que não têm roteiro, cresceram 1 por cento, os eventos esportivos ganharam 6 por cento e os programas de notícias deram um salto de 22 por cento.
Os executivos das emissoras de TV a cabo afirmam que não faz sentido investir em dramas caros, a menos que haja muita disposição para promovê-los. Contar com um ou dois dramas de destaque não mudará a forma como espectadores, distribuidores e anunciantes enxergam sua emissora, mesmo que os fãs venham para assistir o favorito ocasional. Isso pode funcionar para a Netflix, que consegue ganhar assinantes com um único programa, mas não para as emissoras básicas de cabo, que precisam manter o público sintonizado para vender anúncios.
“Há tantas opções atualmente e este cenário está tão disputado que é preciso realmente atender a expectativa de sua audiência com mais de um programa”, disse Robert Sharenow, gerente-geral dos canais A&E e Lifetime, de propriedade da Walt Disney e da Hearst. “As emissoras que tentarem se aventurar em algo terão dificuldades.”
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