Por Ben Sharples.
O carvão pode estar em baixa no próximo ano, mas a situação não será tão ruim. A escassez de oferta nova fora da China pode manter os preços da commodity transportada pelo mar perto do nível mais alto em sete anos.
O carvão de Newcastle pode custar em média US$ 95 a tonelada em 2019, uma queda de cerca de 10 por cento em relação aos preços deste ano, de acordo com estimativas compiladas pela Bloomberg. A China poderia elevar sua capacidade em até 10 por cento até 2020, segundo previsões de analistas como a Wood Mackenzie, mas ainda assim a oferta é considerada apertada e a Glencore projeta que seu negócio de carvão será o mais rentável no ano que vem.
“É a China que define os preços nos mercados globais”, disse Keisuke Sadamori, diretor de mercados de energia e segurança da Agência Internacional de Energia em Jacarta, na Indonésia. “Com uma demanda contínua e sem muito investimento no lado da oferta, os preços permaneceram altos.”
O carvão de Newcastle custou em média de US$ 106 por tonelada este ano, o preço mais alto desde 2011. As previsões para o próximo ano variaram de US$ 93 a US$ 105, de acordo com a mediana das sete estimativas compiladas pela Bloomberg. O combustível de usinas energéticas custou em média US$ 87 em 2017, após um período prolongado de quedas.
O aumento dos preços não estimulou novos investimentos significativos devido aos riscos associados às políticas climáticas, à oposição local e a lembranças da crise anterior, afirmou a AIE em seu relatório anual sobre o carvão, publicado neste mês. O projeto de carvão Carmichael, da Adani Group, na bacia da Galileia, na Austrália, reduziu os custos de capital para 2 bilhões de dólares australianos (US$ 1,4 bilhão) em relação ao plano inicial de uma megamina de 16 bilhões de dólares australianos, após a saída dos potenciais credores.
Como não há novas ofertas significativas entrando no mercado transoceânico na Ásia, o espaço para uma queda de preços é limitado, já que a demanda permanece estável, disse Shane Stephan, diretor administrativo da New Hope. A Yancoal Australia, controlada pela chinesa Yanzhou Coal Mining, projeta um apetite chinês saudável por carvão importado na próxima década.
É por isso que está tão difícil reduzir a participação do carvão na matriz energética global.
A forte demanda da China e de outros países asiáticos, combinada com uma resposta inexpressiva da oferta por parte dos produtores, manterá um preço do carvão “sólido” nos próximos dois a três anos, disse o diretor financeiro da Yancoal Australia, Lei Zhang, neste mês. A empresa, juntamente com a Glencore, demonstrou confiança nas perspectivas ao abocanhar ativos vendidos pela Rio Tinto Group.
“Continuaremos vendo mais queima de carvão na Ásia”, disse o CEO da Glencore, Ivan Glasenberg, em uma teleconferência no início deste mês. A maior produtora prevê que sua unidade de carvão colherá mais de US$ 6 bilhões no ano que vem.
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