Por Alyssa McDonald.
Com a derrota de Hillary Clinton, os EUA ainda estão esperando para ter sua primeira presidente mulher nos 228 anos da nação. A maior economia do mundo pode reivindicar a superação de muitos marcos, mas continua bastante atrasada nesse ponto. Índia, Israel e Sri Lanka (antes conhecido como Ceilão) tiveram mulheres como chefes de governo antes do fim dos anos 1960. Nas décadas seguintes, mais de 60 países seguiram o exemplo.
O que estatísticas como essa nos dizem? Certamente não dizem tudo, mas dizem algo. A análise dos dados do relatório de desigualdade global de gênero do Fórum Econômico Mundial, de outubro, não é um exercício em vão. O relatório lança luz sobre a atitude da sociedade em relação às mulheres e às lideranças.
Ocorre que apenas um terço dos países que foram governados por mulheres avançaram a ponto de colocar outra mulher no comando, em muitos casos apenas décadas depois. Alguns psicólogos sociais argumentam que a ascensão de uma segunda líder mulher é um indicador mais verdadeiro do progresso de um país sobre o assunto.
Um dos motivos pelos quais a lista conta com apenas 20 países tem o imponente nome de “autopermissão”. Após realizar um ato considerado nobre, diz a teoria, as pessoas sentem que têm uma justificativa para voltar aos velhos hábitos: não somos um país sexista — tivemos uma líder mulher.
Explorando um pouco mais o assunto, parece haver uma medida desse sentido. “Pesquisas sugerem que se uma pessoa vê seu comportamento passado como um progresso rumo a um objetivo, ela sente que nãoprecisa se esforçar tanto para atingir esse objetivo”, disse Daniel Effron, professor assistente de comportamento organizacional da London Business School.
Se você não se importa muito com a representação política feminina, votar em uma mulher uma vez pode fazer você sentir que já fez o necessário. “Mas se você vê seu comportamento como sinal de comprometimento com uma meta, você pode até ampliar seus esforços em direção a essa meta”, disse Effron.
A Argentina, onde Isabel Martínez de Perón assumiu como presidente em 1974, não teve outra mulher presidente até Cristina Fernández de Kirchner, que assumiu o cargo em 2007. No Reino Unido, onde Theresa May foi nomeada primeira-ministra em julho, passou um quarto de século depois que Margaret Thatcher deixou o cargo. Quatro homens ocuparam o cargo no intervalo.
“No caso do Reino Unido, houve uma normalização da liderança feminina por todo o espectro político”, disse Anne Phillips, professora de Ciência Política da London School of Economics, pontuando que diversos partidos políticos britânicos têm ou tiveram líderes mulheres. Ela ressalta, contudo, que “a percepção da equação de ‘político’ com ‘homem’ continua sendo incrivelmente forte, particularmente para o eleitorado masculino.”
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