Por Taís Fuoco e Vinícius Andrade.
A disputa pela Eletropaulo pode ter sido só o começo.
Mesmo em um ano eleitoral e de pouca atividade parlamentar, os ativos do setor elétrico são considerados baratos e atraentes, com analistas esperando que o apetite europeu continue tão forte como o demonstrado na briga pela concessionária paulista, que teve uma valorização de 130% entre o preço inicial oferecido pela Energisa e a oferta final da Enel.
Próximos grandes movimentos no setor incluem a privatização da Cesp e a venda das distribuidoras da Eletrobras, e o apetite dos estrangeiros pode ser turbinado pela desvalorização recente do real.
O setor elétrico está “historicamente barato”, especialmente para os europeus, diz Igor Kfouri, analista de renda variável da Eleven Financial Research. “A única vez em que vimos o euro na casa dos R$ 4,50 foi por um breve período entre o fim de 2015 e os primeiros meses de 2016. Excluindo esse período extraordinário, nunca observamos a moeda europeia nesse patamar de valor tão alto”.
A Neoenergia avalia distribuidoras da Eletrobras em Alagoas e Piauí, pela sinergia com suas atuais operações no país, e os leilões de geração e transmissão previstos para este ano, segundo pessoa próxima à companhia que pediu anonimato porque as discussões não são públicas.
Procurada, a companhia controlada pela espanhola Iberdrola disse estar atenta a oportunidades de expansão de infraestrutura e de M&A no setor elétrico brasileiro, pautada pela defesa de condições de igualdade entre os competidores, racionalidade econômica e sinergia com os negócios, segundo resposta por email a pergunta da Bloomberg.
A própria Enel ainda pode adquirir novos ativos no país, depois da Eletropaulo. Francesco Starace, principal executivo do grupo italiano, disse que a companhia tem interesse em 2 das 6 distribuidoras que a Eletrobras pretende vender, segundo reportagem do Valor Econômico de 18 de julho. O executivo não citou quais as unidades que despertariam o interesse, mas o Valor diz que a aposta do mercado são para as mesmas distribuidoras, Cepisa e Ceal, que interessam à Neoenergia.
Não que as chinesas deixem de mostrar interesse pelos ativos do setor, depois de terem sido o país que mais investiu em fusões e aquisições por aqui em 2017. “China deve manter interesse no Brasil, eles têm capital e estão olhando o setor de distribuição”, disse Sabrina Cassiano, analista da Coinvalores.
Entre as demais oportunidades do setor estão ainda a incorporação de Jirau pela Engie Brasil, o aumento de participação de Energias do Brasil em Celesc, o desfecho do plano de desinvestimento de Copel e os leilões previstos pela Aneel para novos empreendimentos.
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