Artigo publicado no website O Povo, por Arlen Medina Néri. http://www.opovo.com.br/app/opovo/radar/2015/06/10/noticiasjornalradar,3451301/fortaleza-estuda-incentivar-carros-eletricos.shtml
Ideias simples ou de maior complexidade que estão dando resultados práticos na vida de milhões de pessoas. Este é o ponto em comum no depoimento da maioria dos prefeitos que participam, em Nova York (EUA), do Fórum Mundial de Cidades, aberto ontem no Hotel Grand Hyatt. O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, foi um dos três gestores convidados pelo evento a apresentar ideias inovadoras. Ele falou de ciclofaixas, da experiência do Bilhete Único e dos binários. Do que ouviu dos colegas, mostrou-se disposto a estudar programas de incentivo a carros elétricos, a fechar para trânsito áreas de potencial turístico. E ainda um ambicioso projeto de criar sete ou oito polos econômicos na cidade para tirar o fluxo de trânsito de locais hoje saturados e deixá-lo concentrado nas novas áreas geradoras de empregos e serviços.
“Eu sou simpático a isso. Mas é uma análise, pois representa uma quebra de paradigmas. E o primeiro passo é fazer um projeto-piloto”, diz RC, ao lembrar que a ideia de mudar o eixo gerador de fluxo urbano da cidade já vem sendo discutido dentro do Projeto Fortaleza 2040 (que pensa a cidade a longo prazo).
O incentivo aos carros elétricos deve estar associado a programas que estimulem a carona para pessoas que tenham a mesma rota. Isso já funciona em cidades da Europa e Estados Unidos. A ideia do bloqueio ao trânsito das áreas históricas veio de Roma. A capital italiana delimitou uma zona onde nem mesmo as motonetas (Lambretas/Vespas) podem circular. Sem o tráfego, as pessoas caminham livremente e ainda usam bicicletas. Como é estudo, o prefeito não adiantou quais áreas podem ser alvos na ação.
O Fórum é um campo fértil para aproveitamento de ideias. E por isso elas são estimuladas a partilha. Bill Peluto, prefeito de Pittsburgh (EUA), mostrou que a cidade estimulou o desenvolvimento de aplicativos para melhorar o trânsito e deixar os semáforos “inteligentes” – com tempo de espera de acordo com volume de veículos.
Marta Leonori, vice-prefeita de Roma, lembra que não é fácil manejar uma cidade que recebe 23 milhões de turistas por ano. Nem ainda investir na ampliação da rede de metrô, onde cada escavação esbarra numa peça histórica que não pode ser danificada. Por isso, a prefeitura romana monitora por satélite os mais de 2,6 milhões de veículos da cidade e quer ampliar o uso de transporte público em 20% num curto espaço de tempo.
Desafio duro também enfrenta Carlos Ocariz, prefeito de Sucre (Venezuela). Num país onde custa um centavo de dólar encher o tanque do carro, todos tem automóveis e os usam para tudo. Coube a Ocariz estimular seus munícipes a usar bicicletas e ter uma vida saudável. Já o colombiano Aníbal Gaviria, gestor de Medellín, administra uma cidade de 2,4 milhões de habitantes. Para reduzir os horários recorrentes de congestionamento no trânsito, passou a incentivar o teletrabalho (a jornada de trabalho é feita em casa) e estabeleceu novos horários para se transitar em determinadas áreas da cidade.
Bloomberg e Fortaleza
No meio da tarde de ontem, o prefeito de Fortaleza foi recebido num imponente casarão, ao lado do Central Park, por Michael Bloomberg, o empresário bilionário que governou a cidade de Nova Yorque de 2002 a 2013. Momentaneamente, sem mandato, ele se dedica à filantropia. A fundação que leva seu nome tem atuação mundial e investe em projetos que melhorem a segurança no trânsito. Nada menos que US$ 1,5 milhão já estão sendo aplicados em projetos que tragam diagnósticos sobre os acidentes de motos em Fortaleza. Roberto Cláudio veio agradecer a escolha da cidade e convidou o ex-prefeito para uma visita. Gentil, ele disse estar com agenda cheia por todo este ano. Mas para 2015 pode vir conhecer a capital cearense.
*o jornalista viajou a convite da Prefeitura de Fortaleza