Por Mohamed A. El-Erian.
A solidez dos dados do mercado de trabalho dos EUA é consistente com a noção de que o período econômico menos robusto refletido em dados do primeiro trimestre (incluindo a decepção com o PIB) tende a ser temporário e reversível. Os números de emprego também sugerem que o banco central (Federal Reserve) pode ficar tentado a subir a taxa básica de juros novamente já em junho.
O relatório do mercado de trabalho, divulgado nesta sexta-feira, ganhou importância diante de dados sugerindo que o consumo — motor de longa data da expansão econômica dos EUA — estava vacilante. Esses temores diminuíram com números mostrando que dois vetores do gasto do consumidor – salários e criação de empregos – continuam nos trilhos.
Do lado positivo, a geração de empregos foi maior do que a previsão de consenso, ao redor de 190.000 vagas, e a taxa de desemprego recuou para 4,4 por cento. Uma medida mais ampla de ociosidade conhecida como U-6 diminuiu para o menor nível desde 2007.
Contudo, a ligeira queda na taxa de participação sugere que os problemas estruturais no mercado de trabalho como um todo continuam relevantes. O aumento anual de salários, de 2,5 por cento, ficou aquém do esperado, sugerindo que os salários estão se ajustando lentamente à diminuição da ociosidade entre a mão de obra.
De modo geral, o relatório dará maior esperança a quem acredita que os dados do primeiro trimestre (como em anos passados) sinalizaram apenas uma fraqueza temporária e reversível — não um período prolongado de debilidade econômica. E os números deixam a porta aberta para um total de três acréscimos nos juros pelo Fed em 2017, inclusive um já no mês que vem.
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