Por Nikki Ekstein.
Enquanto hotéis do mundo todo tentam atrair os jovens da geração milênio, os albergues estão fazendo exatamente o contrário. Eles estão amadurecendo, ficando chiques — e estão atendendo até mesmo a hóspedes que viajam a negócios e gostam de design.
Na verdade, esqueça tudo o que você acha que sabe sobre albergues. Esqueça aquele quarto comunitário sujo na Grécia, o wi-fi decrépito em Budapeste e o chão pegajoso de cerveja em Berlim. Finja que nada disso existiu.
Hoje, os melhores albergues têm um design inteligente — alguns assinados por nomes com fama internacional. Eles têm tanto quartos privados quanto compartilhados. Eles têm piscina no terraço e porteiros bem informados (que também ficam atrás do balcão da recepção). Um deles inclusive tem o melhor bar dos EUA.
“Quando começamos o Freehand [em 2012], era uma espécie de experiência”, disse Andrew Zobler, fundador e CEO da primeira marca de albergues de luxo dos EUA. “Eu sentia muita nostalgia da juventude em Nova York — ter uma casa de verão em Hamptons ou Fire Island, compartilhar minhas experiências de verão com um monte de amigos. Aquela foi uma das épocas mais divertidas de minha vida”, recordou Zobler. A ideia do Freehand era recriar a convivência e o espírito comunitário dos verões em Hamptons.
Quatro anos depois, esse conceito decolou: a empresa abriu uma propriedade em Chicago no ano passado e tem dois outros pontos a caminho, um em Los Angeles (programado para abrir até janeiro) e outro em Nova York (marcado para o quarto trimestre de 2017). Algumas vezes seus hóspedes são mochileiros com orçamento apertado. Na maioria dos casos, eles são grupos de amigos, familiares ou “turistas internacionais que querem viver uma experiência — mesmo que pudessem ter se hospedado em lugares muito mais caros”.
Muitas outras empresas sofisticadas entraram em sintonia com hóspedes que buscam por luxo, o que ajudou os albergues a ultrapassar muitos outros setores de hospedagem.
Os profissionais de longa data do setor hoteleiro não acham que esta transição seja catastrófica.
“O setor mudou muito nos seis anos em que estive aqui”, disse Paul Halpenny, que passou a maior parte de sua carreira em marcas tradicionais de hotéis, como Sheraton, e agora é diretor global de oferta da Hostelworld, um mecanismo de reservas com sede em Dublin. “Eu não teria nem chegado perto de um albergue nos meus primeiros anos, mas agora eles são um produto de alta qualidade. Hoje em dia, a única coisa que os albergues não têm é serviço de quarto”.
Para fundamentar o argumento dele: aproximadamente 80 por cento das pessoas que não fazem parte da geração Y expressam satisfação com a hospedagem, e apenas 5 por cento expressam insatisfação. Afinal, esta é a era do Airbnb, e os viajantes dão mais prioridade ao valor e às experiências do que às camas. Em sua análise otimista, Halpenny chega a sugerir que os albergues poderiam representar uma ameaça aos hotéis de estilo tão grande quanto o serviço de apartamentos compartilhados que é detestado pelos gerentes.
“Marriott e Hilton estão criando marcas que, em minha opinião, estão voltadas para o público dos albergues. Eles estão buscando esse aspecto de sociabilidade e tentando atrair o público jovem. Para mim, esse é quase que o maior elogio”.
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