Este artigo foi escrito por Gaurav Jain, Especialista em hedge accounting da Bloomberg.
Há anos, as áreas de gestão de risco e contabilidade lutam para se manter em sincronia. Limitações no IAS 39 tornaram algumas empresas incapazes de refletir, de forma consistente e precisa, suas atividades de gestão de risco em demonstrações financeiras. Enquanto a área de contabilidade se ocupa do dia a dia das questões financeiras de uma empresa, a gestão de risco se concentra tradicionalmente em perspectivas futuras. A IFRS9 sinaliza um grande avanço na perspectiva de esclarecer o papel e os resultados da gestão de risco na contabilidade.
Sob a IFRS9, uma variedade de estratégias devem se qualificar para hedge accounting. Isso resultará em menor volatilidade na demonstração de resultados e permitirá que novas estratégias sejam executadas, enquanto permite que as partes interessadas visualizem informações mais significativas. O modelo de hedge accounting também permitirá maior flexibilidade, introduzindo e expandindo conceitos como rebalanceamento, exposição agregada, camadas e posições líquidas. O hedge accounting pode mostrar exatamente o que está sendo coberto e fornecer uma visão clara da gestão de risco em toda a empresa.
Estas mudanças devem ser bem-vindas para a maioria das empresas que empregam políticas robustas de gestão de risco — as quais também poderão reavaliar após a adoção da IFRS9.
Três principais áreas em que a nova IFRS9 tem potencial para redefinir preferências de instrumentos de hedge
Uso de opções: sob a IAS 39, muitas empresas faziam uso limitado de opções devido ao reconhecimento do valor extrínseco na demonstração de resultados. A IFRS9 permite uma abordagem de custo de hedge, na qual o valor extrínseco pode ser diferido para “Outros Resultados Abrangentes”, que é uma conta de patrimônio líquido. Esperamos que as opções retornem como um instrumento aprovado sob as políticas atualizadas.
Tratamento de base cambial: A IFRS9 reconhece que a base cambial oculta nos instrumentos de moeda cruzada é um “custo de hedge” e deve ser amortizado durante a vida útil do instrumento. Isso deve melhorar a eficiência em casos nos quais a base seja particularmente volátil e permitir que empresas em mercados emergentes repensem o aumento da dívida externa e suas implicações de hedge.
Hedging de commodities: A IFRS9 poderia simplificar o hedge accounting de derivativos de commodities caso os contratos especifiquem, claramente, o componente subjacente da commodity. Isso pode exigir discussões com fornecedores e transparência adicional sobre preços e prazos contratuais em contratos de compra. Dados históricos podem ser utilizados para aplicar regressão estatística com o propósito de analisar exposições compostas e índices de commodities subjacentes para estabelecer spreads.
A IFS9 é uma excelente oportunidade para que as empresas reexaminem suas políticas de tesouraria e risco. Utilizando as configurações corretas, os sistemas resultantes podem ajudar a criar uma base sólida para uma gestão de riscos mais eficaz.
Artigo publicado originalmente em setembro de 2019