As importações de soja da China, que já está evitando a oferta dos EUA em meio à escalada das tensões comerciais, deverão cair pela primeira vez em mais de uma década devido ao declínio do consumo na indústria de suínos.
As importações do maior comprador do mundo poderão cair 1 milhão de toneladas, para 95 milhões de toneladas, no período de um ano que começa em 1º de outubro, primeiro recuo em 15 anos, segundo o Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China. As empresas chinesas não compraram soja dos EUA em abril, apesar de o grão americano estar cerca de US$ 8 por tonelada mais barato que o do Brasil. A China compra soja do Brasil nesta época do ano antes de acelerar as aquisições de soja dos EUA, perto de outubro.
As compras cairão porque o caro farelo de soja e as perdas dos criadores de suínos reduzem a demanda pelo uso da oleaginosa em ração para animais, segundo o órgão. A China é a maior produtora e consumidora de carne de porco do mundo e compra soja do exterior para processar internamente e transformar em ração para animais. Os preços dos porcos caíram mais de 30 por cento neste ano e a carne suína recuou 20 por cento devido à oferta excessiva.
As importações de soja subiram 22 por cento em abril em relação ao mês anterior, para 6,92 milhões de toneladas, segundo informações aduaneiras divulgadas nesta terça-feira. As compras caíram cerca de 14 por cento em relação ao mesmo período do ano passado e foram as menores do mês em três anos.
Compras canceladas
A soja tem sido um dos principais focos dos mercados depois que a China anunciou no mês passado que estuda aplicar uma tarifa adicional de 25 por cento às remessas provenientes dos EUA. As empresas chinesas atualmente não estão comprando soja dos EUA devido ao risco percebido de fazer pedidos aos quais impostos poderiam ser aplicados posteriormente, informou o Conselho de Exportação de Soja dos EUA na semana passada. Além disso, o país asiático tem cancelado compras dos EUA, e pela primeira vez desde 2015 os compromissos caíram por três semanas seguidas.
A produção doméstica de soja da China deverá aumentar 1,3 milhão de toneladas, para 15,8 milhões de toneladas, a maior desde 2006, segundo o centro nacional de informações. Apesar de as províncias de Heilongjiang e Jilin, no nordeste do país, terem emitido notificações de emergência pedindo aos agricultores que aumentem o plantio de soja por motivo de prioridade política, e prometido subsídios extras, há quem diga que as promessas chegaram tarde demais para o plantio, que normalmente começa neste mês.
As importações de canola, uma alternativa à soja, poderão subir para 4,6 milhões de toneladas em 2018-2019, contra 4,3 milhões de toneladas na safra anterior, segundo projeção do centro.
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