Por Gerson Freitas Jr.
A disseminação da peste suína africana, que levou a China a abater quase 1 milhão de porcos nos últimos meses, não deve fazer com que os produtores de carne suína do Brasil corram para ampliar a produção, segundo a BRF.
O impacto da doença sobre a demanda na China ainda é incerto, uma vez que as famílias chinesas podem acabar substituindo a carne de porco por outras proteínas ou simplesmente reduzir o consumo de carnes. Com isso, um aumento da produção poderia causar uma sobreoferta no mercado, afirma o diretor de operações da gigante do ramo de alimentos, Lorival Luz, em entrevista.
Na China, maior produtora e consumidora mundial de carne suína, os plantéis estão encolhendo, com os criadores relutando em recompô-los por medo da doença. Segundo analistas, o movimento pode levar as importações do país a níveis recorde este ano, o que poderia beneficiar o Brasil.
Contudo, os produtores brasileiros ainda sentem os efeitos de um embargo russo que derrubou os preços da carne no ano passado, limitando o apetite por investimentos na ampliação do rebanho, disse Luz. “Se a demanda chinesa aumentar, o mercado provavelmente encontrará um novo equilíbrio por meio dos preços, e não do volume”, disse.
Desde agosto, a China abateu mais de 900 mil porcos após o primeiro surto da doença suína, informou o governo em 15 de janeiro. O abate anual para consumo é de 700 milhões de cabeças.
As exportações brasileiras de carne suína para a China mais do que triplicaram no ano passado, para 156 mil toneladas, compensando parcialmente a queda das vendas para a Rússia. A exportação total caiu 7 por cento, para 635,5 mil toneladas.
A União Europeia é a maior exportadora de carne suína, seguida pelos EUA, Canadá e Brasil, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA.
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