Por Mario Sergio Lima, Simone Iglesias e Samy Adghirni.
A Infraero apresentará até o fim do ano sua proposta de venda de ações por meio de IPO, venda de uma fatia ou um acordo de fusão com outra operadora global, disse o presidente da estatal, Antônio Claret, em entrevista à Bloomberg. A companhia ainda está discutindo o melhor modelo a ser adotado. Segundo Claret, no momento, a tendência é por uma M&A que poderia ser a venda de parte da Infraero para um operador ou uma fusão que criaria uma holding na qual a estatal seria acionista. Em entrevista no escritório da Bloomberg em Brasília, o presidente da companhia disse que a ideia é entregar à nova gestão o modelo pronto para ser colocado em prática a partir de 2019.
“Queremos que a proposta e a melhoria das condições financeiras da Infraero sejam fixadas até o final do ano, para que o novo presidente possa decidir assim que assumir o cargo”, disse. “O governo entendeu que nosso plano trará um resultado melhor do que a ideia de privatizar o controle majoritário da empresa.” Ele descartou uma privatização da companhia, argumentando que, no caso da operação dos aeroportos, o governo não pode ficar totalmente nas mãos da iniciativa privada.
“O governo não tem uma visão de venda majoritária porque sabe que é preciso ter uma empresa espelho”, disse.
Claret se reuniu com representantes da espanhola Aena SME SA, uma das empresas que poderiam ter interesse na proposta de fusão. Ele também conheceu representantes da Flughafen Zurich AG e da Fraport AG Frankfurt Airport Services Worldwide. “Há também outras empresas interessadas que estão nos convidando”, disse, sem antecipar mais nomes.
A Infraero contratou a consultoria alemã Roland Berger para avaliar os melhores cenários. As negociações sobre o futuro da estatal, disse o presidente, não interferem no pacote de concessões de 11 aeroportos previsto para o terceiro trimestre deste ano.
“Já estamos fazendo os estudos para IPO ou M&A sem eles”, disse.
Claret, que assumiu o cargo em junho de 2016, liderou esforços para tornar a Infraero financeiramente viável. Entre as mudanças, ele reduziu o pessoal de 11.222 trabalhadores para 8.881, por meio de um plano de demissão voluntária, cortou benefícios e reduziu o número de diretores. Ele também firmou parcerias com o setor privado para aumentar os investimentos nos terminais do aeroporto e melhorou o resultado operacional recorrente de de um resultado negativo em 2016 para R$ 505,4 milhões de reais em 2017.
Uma das maiores batalhas que teve que enfrentar foi a remoção do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o segundo terminal mais movimentado do país, do plano de privatização do governo. “A Infraero pode ser uma empresa viável sem Congonhas, mas é a cereja do bolo para qualquer investidor interessado na empresa”, afirmou.
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