Por Viktoria Dendrinou, Radoslav Tomek e Ott Ummelas.
A transformação do fundo de resgate da zona do euro em um Fundo Monetário Europeu é um passo necessário e pode estar entre as próximas decisões tomadas em um momento em que seus membros buscam fortalecer o bloco cambial, disse o ministro das Finanças eslovaco, Peter Kazimir, em entrevista.
Os comentários dele coincidem com a reunião dos ministros das Finanças da União Europeia em Tallinn, na Estônia, com o objetivo de capitalizar a mudança favorável nos ventos políticos para avançar com a união do bloco. A chanceler alemã, Angela Merkel, também renovou o apoio à avaliação sobre a possibilidade de criação de um fundo monetário da UE quando se reuniu com o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, em Berlim, na sexta-feira.
“Há um amplo acordo sobre muitas questões. Por exemplo, a transformação do ESM [Mecanismo Europeu de Estabilidade, na sigla em inglês] em uma nova entidade com novas tarefas é obrigatória”, disse Kazimir. “Este é o principal candidato a uma mudança.”
Em dois dias de reunião, os ministros de Finanças discutirão diferentes formas de integração maior dos 27 membros que restarão na região após a saída do Reino Unido em uma tentativa de reforçar a economia e proteger melhor o bloco de turbulências financeiras futuras. As conversas surgem depois de o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apresentar sua visão para o futuro da UE e em um momento em que algumas figuras importantes da região, entre elas o presidente recém-eleito da França, Emmanuel Macron, pedem reformas.
Apoio alemão
“Teremos que pensar no fortalecimento do Mecanismo Europeu de Estabilidade rumo a um Fundo Monetário Europeu”, disse Merkel a jornalistas após a reunião em Berlim. “Eu também acho que nossa cooperação se tornará muito mais consistente e é por isso que não me opus a um ministro das Finanças europeu.”
Merkel acrescentou que qualquer proposta precisaria ter substância suficiente, mas que estava otimista de que poderia encontrar soluções em conjunto com o governo francês.
“Há uma oportunidade única de avançar com a integração da zona do euro”, disse o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, a jornalistas, a caminho da reunião de Tallinn. Citando condições econômicas mais fortes na Europa, a vitória de Macron e a possibilidade de um quarto mandato de Merkel, Le Maire disse em outubro que os ministros terão “a possibilidade de promover a integração”.
Ainda assim, apesar de muitos ministros terem feito eco aos apelos para aproveitar a situação política para levar reformas adiante, alguns pediram cautela em relação a como isso afetará a UE de forma mais ampla.
Europa unida
“A união monetária é o cerne de uma Europa unida, mas ao mesmo tempo temos o mercado interno para todos os 27”, afirmou o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. “Por isso, nos últimos anos foi importante para nós que a União Monetária Europeia não tenha dividido a unidade europeia.”
Os ministros das Finanças também discutirão formas de desenvolver a união econômica e monetária, bem como a inovação tecnológica nos mercados de capitais e a forma como isso afeta a estabilidade bancária.
“O momento é bom, a janela de oportunidade não ficará aberta por muito tempo”, disse Kazimir. “Após um longo período, os ciclos políticos dos principais atores da zona do euro estão sincronizados.”
Entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.