Por Jodi Xu Klein.
A que ponto chegaram: alguns sofisticados investidores em dívidas distressed, abatidos por dois anos de quedas dos preços dos títulos de empresas problemáticas, voltaram a respeitar a banal seleção de cupons.
Gestoras de ativos como a Franklin Resources e a Trilogy Capital Management estão evitando os emissores de maior risco e preferindo empresas mais saudáveis e com yields mais elevados. A épica queda dos preços do petróleo, a desaceleração da China e a cisão entre Reino Unido e União Europeia derrubaram o índice de dívidas distressed do Bank of America Merrill Lynch em mais de 40 por cento em dois anos. A liquidez é um critério central agora que os compradores estão mais seletivos, segundo investidores e analistas especializados em empresas com problemas.
“Quanto mais dinheiro uma empresa possui, incluindo o acesso a linhas de crédito, melhor”, disse Keith Luh, gerente do fundo mútuo de US$ 5 bilhões da Franklin Mutual Quest. “Pelo menos sabemos que ela tem dinheiro suficiente para financiar as operações, pagar os cupons e cumprir outras obrigações.”
Até dois anos atrás a dívida distressed dos EUA estava entre os melhores investimentos pós-crise, dando retorno de 305 por cento do fim de 2008 até meados de 2014, segundo o índice distressed do BofA. A dívida de alto rendimento dos EUA subiu 173 por cento no mesmo período.
E então os preços do petróleo entraram em colapso a partir de meados de 2014, tirando liquidez do setor de energia. A decisão do Reino Unido, em referendo, de deixar a UE aumentou as incertezas. A taxa de calote anualizada das dívidas especulativas dos EUA estava em 4,3 por cento em 30 de junho, nível mais alto desde agosto de 2010, segundo a Standard & Poor’s, com calotes distressed em 3,94 por cento em 30 de abril.
Não é o que os investidores distressed vislumbravam de 2013 a 2015, quando captaram cerca de US$ 17 bilhões, segundo dados da Hedge Fund Research.
Evitando problemas
“Muitos investidores em títulos distressed não estão pesadamente envolvidos com o crédito de energia distressed no momento” após evitarem o setor ou deixá-lo no fim do ano passado, disse Jason Mudrick, cuja Mudrick Capital Management, de US$ 1,3 bilhão, é especializada em ativos com problemas. “Foi muito doloroso.”
As perdas de capital ajudaram a lembrar os fundos da importância da coleta de juros, ou seleção de cupons, como a tarefa era conhecida quando os títulos em papéis vinham anexados com vouchers de pagamento individuais. Os gestores estão ficando mais exigentes porque os rendimentos estão em uma média próxima a 7 por cento no índice BofA Merrill Lynch U.S. High Yield, contra cerca de 18 por cento do índice distressed.
“Descer tanto no espectro das classificações nem sempre é tão atrativo no momento”, disse Jody Lurie, analista de crédito da Janney Montgomery Scott. “Mais fundos estão focados em renda estável e pensando na facilidade com que podem vender a dívida.”
Para ter acesso a notícias em tempo real entre em contato conosco e assine nosso serviço Bloomberg Professional.