Por Helene Fouquet.
A líder do partido francês Frente Nacional, Marine Le Pen, vai retomar o controle sobre o banco central, ligar as impressoras de dinheiro e tirar a França da zona do euro se vencer a eleição presidencial de maio, segundo seu principal consultor econômico.
Le Pen está transformando o “retorno à soberania monetária” em um dos principais pontos de sua plataforma política, com o objetivo de replicar a vitória populista de Donald Trump nos EUA, e criou uma força-tarefa de preparação, disse o assessor Bernard Monot, que explicou os detalhes do plano dela nos bastidores de um comício em Lyon, no sábado.
“Não acho que haverá uma catástrofe porque, afinal, a França é um grande país e as pessoas entenderão logo que estamos trabalhando como patriotas para recuperar a soberania da França”, disse Monot, em entrevista. “Se houver uma catástrofe, eu tenho um plano — está aqui dentro”, acrescentou, apontando para a própria cabeça.
A campanha de Le Pen para a presidência da França chamou a atenção de investidores de todo o mundo por seu foco em destruir as bases financeiras da economia europeia. Embora ela lidere as pesquisas do primeiro turno de votação, que será em 23 de abril, nenhuma pesquisa projetou que ela ganharia no segundo turno, duas semanas depois.
O plano de Le Pen:
Substituir o euro por uma cesta de novas moedas nacionais;
Revogar a independência do banco central;
Gerar dinheiro para financiar o bem-estar e a estratégia industrial e para quitar dívidas
Cúpula emergencial
Se for eleita presidente, Le Pen convocará imediatamente uma cúpula com líderes da União Europeia e o Banco Central Europeu, na qual pediria que os países-membros substituíssem a moeda única por uma cesta de novas moedas nacionais comparável à unidade monetária europeia, ou ECU, que precedeu o euro.
A moeda da França provavelmente seria chamada de “novo franco francês” e inicialmente seria equivalente ao euro, disse Monot. O Estado francês prometeria limitar suas flutuações em relação à cesta monetária da UE a um máximo de 20 por cento, mas Monot disse que oscilações de até 10 por cento seriam as mais normais. Ainda não existe cronograma para o lançamento da nova moeda, e se os demais países da zona do euro preferirem não adotar suas moedas nacionais novamente, então o novo franco flutuaria livremente.
Também segundo o plano de Le Pen, o governo francês assumirá o controle do banco central e gerará dinheiro para financiar os gastos do governo. Le Pen planeja suspender a lei de 1973 e os subsequentes tratados europeus que garantem a independência do banco central, impedindo a instituição de oferecer dinheiro ao Tesouro.
O programa de flexibilização quantitativa do Banco da França geraria cerca de 100 bilhões de novos francos por ano para o governo — quantia teoricamente equivalente a 100 bilhões de euros (US$ 107 bilhões) –, que usaria a receita para cobrir despesas com o bem-estar social e para financiar sua estratégia industrial. Entre 30 por cento e 40 por cento das receitas seriam usadas para quitar dívidas do governo.
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