Por Yvonne Yue Li.
A valorização dos preços do ródio para nível recorde deve continuar, impulsionada por leis antipoluição que aumentam a demanda pelo metal, essencial para reduzir emissões de automóveis.
Essa é a visão de analistas como Rohit Savant, da CPM Group, e de Uve Kupka, CEO da Heraeus Precious Metals North America, segundo os quais a oferta apertada e falta de substitutos apontam para mais ganhos. Com isso, montadoras têm pouca escolha a não ser pagar mais pelo metal, quando União Europeia, China e outros países estabelecem regras para reduzir a poluição de veículos.
O ródio se destaca em um ano em que os principais metais preciosos superaram os ganhos da maioria das outras commodities, beneficiados por apostas no enfraquecimento do dólar, enormes programas de estímulos e economias atingidas pela pandemia, que aumentaram a demanda por ativos seguros. Mas, enquanto as cotações do ouro, prata e paládio começam a desacelerar, o ródio atingiu recorde de US$ 14.500 a onça na semana passada.
“Precisaremos de mais ródio daqui para frente” para atender a padrões de emissão mais rígidos no mundo todo, disse Kupka. “Minha projeção é de que os preços do ródio vão subir ainda mais”, já que o atual déficit no mercado deve aumentar nos próximos anos, disse. “US$ 20.000 é possível. Vai acontecer neste ano? Não sei. Em um a três anos, é possível.”
A Heraeus espera que a demanda supere a oferta de ródio em 55.000 onças neste ano em relação a 20.000 em 2019.
A alta de mais de 130% dos preços do ródio neste ano até quarta-feira é a maior entre as principais commodities, segundo dados compilados pela Bloomberg. A valorização do metal, que faz parte do grupo da platina, mas não é negociado em bolsas e está sujeito a fortes oscilações de preços, é cinco vezes maior do que a do ouro e cerca de oito vezes superior à alta do paládio em 2020. O ródio foi negociado a US$ 14.000 a onça na quarta-feira, de acordo com preços da Johnson Matthey.
Cerca de 80% do ródio é usado em autocatalisadores. Tal aumento dos preços das matérias-primas normalmente estimularia um movimento em direção a substitutos mais baratos para reduzir custos. Mas o ródio se destaca entre seus pares por sua eficácia na redução dos óxidos de nitrogênio no escapamento, de acordo com Kupka, da Heraeus.
Platina e paládio são normalmente usados em carros movidos a diesel e gasolina, respectivamente, para reduzir o monóxido de carbono e outros gases prejudiciais, explicou.