Lentidão pode dar lugar a disparada de IPOs na Europa

Por Ruth David, Ksenia Galouchko e Jeremy Kahn.

A Europa pode ser palco de enormes operações de abertura de capital no último trimestre do ano.

Potenciais operações por empresas como Aston Martin, Volvo Cars e a petrolífera espanhola Cepsa Trading podem embalar os mercados do continente após um primeiro semestre relativamente lento. Ofertas iniciais de ações (initial public offerings ou IPOs) levantaram aproximadamente US$ 31 bilhões por lá desde o começo do ano, comparado a quase US$ 38 bilhões no mesmo período do ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Mas a volatilidade ameaça afastar investidores e causar desistências entre os proprietários. O receio de que o tumulto na Turquia prejudique bancos na região intensificou a pressão sobre as bolsas europeias, que já digeriam o conflito comercial entre EUA e China. Os preços das commodities caíram junto com as bolsas americanas, aumentando o temor de que o movimento seja o início de uma correção mais ampla nos mercados.

“Esperamos aumento do volume de IPOs na segunda metade do ano”, disse Edward Park, que trabalha em Londres como diretor de investimentos da Brooks Macdonald, com 12,4 bilhões de libras esterlinas (US$ 15,8 bilhões) sob gestão. “No entanto, os preços precisarão ser competitivos para interessar investidores cada vez mais cautelosos com o ambiente de liquidez.”

Estas são algumas das maiores colocações esperadas para os próximos meses:

Aston Martin

A fabricante do carro preferido de James Bond planeja anunciar a IPO já neste mês, que pode avaliar a montadora em até 5 bilhões de libras esterlinas, segundo pessoas a par do assunto. Um porta-voz se recusou a comentar. Nenhum dos dois maiores investidores pretende sair completamente do negócio e o objetivo de uma venda de ações seria realizar valor e não levantar dinheiro para expansão, afirmou o presidente Andy Palmer em entrevista concedida em junho. Na ocasião, Palmer afirmou que estavam sendo consideradas uma IPO em Londres e listagem em Nova York ou venda para um investidor privado.

Belfius Bank

O governo da Bélgica planeja vender uma fatia inicial de 30 por cento no Belfius Bank & Verzekeringen. O anúncio deve sair no mês que vem e o alvo para o valor é de 2,5 bilhões de euros (US$ 2,9 bilhões), segundo fontes com conhecimento do plano para o banco estatal.

Cepsa

O dono da empresa petrolífera espanhola fundada há 89 anos é o fundo Mubadala Investment, de Abu Dhabi. O plano é realizar uma IPO antes do fim do ano que colocaria o valor de mercado da Cepsa em aproximadamente 10 bilhões de euros, de acordo com pessoas a par do assunto. A listagem pode ser suspensa se outra companhia do setor, como a Vitol Group, e firmas de investimento tentarem comprar a empresa ou parte dela, acrescentaram as fontes.

Farfetch

A empresa britânica de tecnologia é um polo para butiques do mundo inteiro e fornece websites para marcas de luxo. Segundo fontes, o plano é listar ações no quarto trimestre em Nova York, que avaliariam a companhia em cerca de US$ 5 bilhões.

Funding Circle

A maior provedora de empréstimos online do Reino Unido pode anunciar a listagem de pelo menos 25 por cento do capital no fim de agosto ou início de setembro, avaliando a instituição em aproximadamente US$ 2 bilhões, disseram pessoas com conhecimento do plano. A empresa se recusou a comentar.

Knorr-Bremse

A firma alemã de engenharia planeja uma IPO para o terceiro trimestre que avaliaria o empreendimento em pelo menos 10 bilhões de euros, segundo fontes relataram em junho. A empresa listaria até 25 por cento das ações em Frankfurt.

LeasePlan

Maior empresa europeia de leasing de frotas de veículos, a LeasePlan revelou neste mês que estuda uma IPO entre outras alternativas estratégicas. O presidente Tex Gunning disse em fevereiro que enxerga uma oportunidade no aumento do número de consumidores que preferem não ter carro. A empresa holandesa pode fazer leasing ou venda de veículos usados e serviços para a Uber Technologies.

Volvo Cars

Esta pode ser a maior IPO do ano na Europa. A empresa chinesa dona da Volvo Cars, Zhejiang Geely Holding Group, considera uma operação de venda de ações que refletiria valor de mercado entre US$16 bilhões e US$ 30 bilhões, de acordo com fontes. As ações podem ser listadas na Suécia e em Hong Kong.

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